Diário de Matan

Depressão egoísta

Escrito 08/01/18 02:56

Pra começar, quero deixar claro que esse diário evidencia por completo meu ego e meu sentimento de querer ser o centro das atenções, apesar de que por eu estar falando do meu ponto de vista, provavelmente vou demonstrar minha frustração com uma situação da qual eu estou imaginado a partir de um certo momento do texto (com exceção a histórias passadas), espero que você tenha certeza qual é esse momento, e mostrar que estou me vitimizando, não quero que você, leitor, não tenho incentivo nenhum de ler, e se ler, de estar do meu lado, muito pelo contrário, quero que você me olhe com desprezo.

Uma amiga está triste por uma situação que não vou contar, minha solução foi que ela viesse aqui em casa, assim ela poderia desabafar, e comer bolo (restos do aniversário da minha prima), porém começando a imaginar a cena, sei que se meu pai estiver em casa, ele virá pra conversar sobre - meu pai tem o super poder de falar sobre qualquer assunto sendo divertido, sendo assim, ele tem o poder, por consequência de chamar a atenção e fazer com que todas as pessoas gostem dele - e tenho quase certeza que essa amiga, iria ou querer ser a melhor amiga do meu pai, mas sem envolver em momento nenhum a minha presença (quase um kuroko da vida real), então rapidamente descartei essa possibilidade. Eu só agradeci que ela não está podendo vir aqui em casa, por não estar na cidade, e não voltará muito cedo, sem que ela percebesse que estava negando a presença dela na minha casa, mas praticamente fazendo isso.

Paragrafo de contextualização: quero contar algumas situações que aconteceram entre meus pais e meus amigos, das quais eu começo a duvidar da minha capacidade de fazer amigos, e da minha capacidade de ser legal. a primeira foi em 2015, eu estava no cursinho pra vestibular e meus amigos queriam que eu fosse numa festa, mas precisava da permissão do meu pai para, um amigo meu convenceu ele dizendo que eu poderia dormir na casa dele sem problemas, chegando no cursinho (sábado à tarde) eu vou conversar com alguém que nem me lembro quem é mais, um amigo meu ficou conversando uns 3 minutos com meu pai, quando meu pai se afasta e meu amigo vem em minha direção conversar comigo a primeira coisa que ele fala com uma cara animada e um sorriso estranho foi "Seu pai é moh legal", era minha primeira vez com esta reação, então eu estava completamente tranquilo com relação a isso, mal sabia que era um sinal, eu tinha que fazer alguma coisa a respeito: me tornar igual ao meu pai, ou ser mais legal que ele; evitar o conhecimento dele para meus amigos. Mas eu não fiz nada disso. Segunda situação foi no ano seguinte, 2016, era provavelmente dia 02/07, o sábado depois do meu aniversário, houve uma pequena festa, família apenas, e algumas amigas do colégio, durante a festa, minha amigas e eu estavamos conversando, enquanto meu familiares conversavam, o ambiente era sala e cozinha, com uma parede aberta, então, praticamente todo mundo ouve todo mundo, houveram piadas entre amigos, que alguns primos (mais velhos) reconheceram, e coisas do tipo, felizmente nada sobre trocarem minha fralda quando eu era criança, de repente meu pai puxa o violão do além do quarto dele e começa a fazer piadas com música, começando, se me lembro corretamente, uma paródia de "parabéns pra você", 5 segundos depois, uma amiga minha olha pra mim e diz "Nossa Mateus, seu pai é muito legal", eu não me lembro, mas tenho certeza que fiz cara da nada e disse "é" na maior não empolgação possível, em 2017 ocorreram pequenos incidentes capazes de me fazer querer sumir dessa cidade se eu ouvir como meu pai é legal mais uma ou duas vezes: 2 ou 3 vezes, um amigo meu veio aqui em casa para usar minha impressora, nisso, meu pai se juntou a conversa e ficaram horas conversando sobre coisas aleatórias, geralmente filmes, depois de 1 hora e meia eu só estava olhando pro relógio, mas sem ver a hora e olhando pra fora, tentando dar sinal de que estava tarde e meu amigo tinha que ir embora. Numa outra vez, um outro amigo meu passou na minha casa, e não ficou 1 minuto lá, foi pegar um bolo pra levarmos na casa dele onde seria a festa do meu aniversário, esse um minuto foi suficiente pra ele ver como meu pai é "foda" e como minha mãe legal. Foram umas 6 ou 7 situações na minha vida, que toda vez que toco no assunto conversando com meus amigos aqui perto de casa, eu ouço "A gente devia chamar seu pai pra conversar, não você", "Vamos chamar pai do Mateus aqui, e que se foda ele", "A gente precisa ir na casa do Mateus, pra conversar com o pai dele", "Seu pai devia comer todo mundo quando tinha a sua idade, como você não pega ninguém cara?".

Tenho a impressão que com essas interações que eles tiveram com meu pai, acho que se esses amigos se juntassem numa roda pra conversar sobre mim, como situação utópica, eles acabariam por falar durante 2 horas sobre como meu pai é foda, legal e depois de tudo eles iam se perguntar "Como a gente chegou nesse assunto?" um iria responder "Sei lá ... ah ... a gente tava falando do Mateus" " Que se foda o mateus, o pai dele uma vez disse..." acho que isso é uma das coisas que me distancia do meu pai, esse negócio de sentir inveja dos outros é uma merda, eu não acredito que sinto inveja do meu pai, o cara foi uma inspiração pra mim durante quase toda minha vida, mas eu consigo desconstruir tudo isso, em menos de 20 frases, 6 horas no total, e alguns pensamentos idiotas.

Fiquei imaginando que seria legal que no aniversário dele, eu chamasse meus amigos aqui em casa, só pra bater um papo, tenho certeza que eles nem veriam o tempo passar, seria ótimo pra todo mundo, menos pra uma pessoa, mas sei lá, muitas vezes não vejo nada de bom que acontece comigo, nada me motiva a caminhar pra frente, muitas vezes, as pessoas tem apoio de familiares amigos, as vezes só um ou outro que querem a própria derrota, eu nem peço ajuda dos meus familiares, nem pai, mãe, e as vezes não vejo dentre meu top 10 amigos, 5 que nessa situação tentariam me ajudar.

Mateus Andriola, filho de Daniel Andriola e Marilsa Aparecida de Godoy Andriola, um cara que perdeu pro pai dele, mas não se sente derrotado pelo pai, sabe que foi derrotado por tentar ser o oposto da pessoas que mais atrae a atenção do mundo, foi derrotado por sentir que nunca vai ser perto do que o pai jamais foi. Um cara que está triste por não conseguir ser legal igual o pai.

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