Quase 24 horas sem dormir. As alucinações estão cada vez piores. As vozes nunca mais foram embora, só irão quando eu decidir segui-las. A garota, o quanto ela me gosta? O garoto, porque se tornou tão frio, assim, do nada? E aqueles outros amigos, que nunca mais me lembraram. Esse fim de semana os convites para sair vieram. Eu atendi. Mas, logo não virão mais. Quando a porta fecha nada importa mesmo.

A realidade é amarga como aquela dose de todos os remédios da segunda gaveta da minha escrivaninha. É fria como a lâmina da faca que está na segunda gaveta do armário da cozinha. É solitária como a vista de cima do prédio onde por alguns meses eu morei. Todos os dias, a mesma vista para a mesma rua, vazia e calma. Agora, os dias passam na lembrança de todas as oportunidades perdidas. Vieram dias melhores, mas sempre os dias ruins retornam. Cada vez mais intensos.