O meu dia estava sendo o pior possível, e quando a noite caiu eu já não tinha mais forças para nada. Só queria me deitar e fingir que o meu mundo se resumia a um pesadelo inconstante que acabaria assim que a noite desse lugar ao dia. Mas, antes de conseguir deitar, uma mão estranha saiu de debaixo da cama e segurou meu pé.
— Que ótimo, é agora que o diabo me leva para o inferno? – Eu realmente não tinha mais forças para elaborar expressões complexas.
— Oh, não senhor. Er... Desculpe o mal jeito, é que... Eu não sei bem como dizer, senhor. – A mão era demoníaca, mas a voz era incrivelmente fofa. Acho que meu cérebro pifou de vez.
— Fala logo, coisa bugada.
— Então, é que já tem seis meses que o senhor não limpa o quarto. A minha rinite não está mais aguentando.
É mole? Não basta o dia de merda que eu tive, a criatura, que mora de favor, ainda vem questionar a minha limpeza. Eu mereço. Sinceramente, preciso mudar dessa casa assombrada.
— Escuta aqui, projeto de satanás, a casa é minha, a sujeira é MINHA! Se está tão incomodado, te dou duas opções: Vai assombrar outro ou pega uma vassoura e começa a limpar! E larga do meu pé que amanhã a vaca da minha chefe quer me ver logo cedo! Aposto que vai me mandar limpar o rabo dela. SAI DE MIM!!
Quando acordei, senti cheiro de desinfetante. Acho que o mini capeta realmente levou a sério o que eu disse. Perfeito! Preciso lembrar de comprar uma roupa de maid para ele.