Pássaro de Alforria
Maquina de Contos
Tipo: Lírico
Postado: 31/01/17 16:26
Gênero(s): Drama Poema Reflexivo
Avaliação: 8.95
Tempo de Leitura: 49seg a 1min
Apreciadores: 6
Comentários: 6
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Palavras: 133
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Não recomendado para menores de dez anos
Capítulo Único Pássaro de Alforria

Estou enjaulado, como um pássaro engaiolado.

Preso por entre grades invisíveis

Tentando bater asas que já foram livres.

Cada barra de ferro da grade

É uma barra pesada a segurar,

Pesa como um fardo, me impedindo de voar.

Cama, casa, comida e educação.

Disfarçando grades de solidão, abuso, decepção...

Passando de geração em geração,

Parece até uma maldição e, não é só isso, não.

Pois se o pássaro não canta

É porque existe algo de errado

Alguns ainda perguntam:

Não seria pelo seu regime fechado?

Como resposta, ouço do outro lado:

Margina! Aqui ele tem muito espaço

Cortamos suas asas, pois voar.

Não é arte deste pássaro.

Então este pássaro vende e prostitui

Seu canto sofrido em forma de poesia.

Canta entre versos sua agonia

Procurando a paz de uma carta de alforria.

❖❖❖
Apreciadores (6)
Comentários (6)
Postado 31/01/17 23:00

Este poema é de uma sensibilidade e ao mesmo tempo uma crueza impressionantes... Eu prefiro guardar minha interpretação para mim mesmo, todavia recordei-me de um drama ocorrido durante o filme "Hell", do Jean Cleaude Van Damme (sim, sou um ser antigo)...

Parabéns por esta belíssima composição, tão bem-feita quanto triste...

Atenciosamente,

Um ser preso por si próprio, Diablair.

Postado 06/02/17 17:37

Que bom que gostou, já ouvi falar desse filme na época(gostava muito de filmes de ação), mas nunca assisti.

Postado 31/01/17 23:48

Que aproximação incrível com a vida de um pássaro enjaulado e a nossa própria! Estou impressionada com a sua sutileza ao fazer tal comparação. Impressionante como tudo não passa de uma triste verdade.

Excelente poema reflexivo!

Postado 06/02/17 17:48

Obrigado e que bom que gostou!

A idéia era só passar a imagem de um monologo feito com pequenas comparações, mas conforme eu escrevia o simbolo do passaro enjaulado ficava mais evidente na minha cabeça.

Postado 12/02/17 13:46

Perfeito! Você fez uma verdadeira obra de arte. Parabéns!

Postado 19/02/17 03:10

E quem nunca se sentiu assim? Injustiçado, preso e sem poder cantar, tendo apenas que aprender a resignar? Belíssimo!

Postado 20/02/17 20:18

Não sei se foi o destino ler esse após uma semana infernal de paralisação da polícia no meu estado, ficando presa dentro de casa no sentido literal e dentro dos meus próprios pensamentos no sentido figurado, e acho que por isso consigo ter uma interpretação a mais desse poema que já possui uma mensagem impactante e nada menos que verídica.

Disfarçada de normalidade, a prisão se aperta em torno das nossas pessoas e não deixa outra opção a não ser a conformação temporária, logo sendo transformada em um rancor, uma raiva, uma inconformação que se traduz na forma de protestos silenciosos ou berrados na forma de palavras, prosa, versos e gritaria, sempre procurando uma forma de ser o mecanismo de libertação do bando de pássaros encarcerados em suas bolhas de casualidade.

Como a senhorita Flávia mencionou, o senhor fez uma obra de arte! Foi dotada de verossimilhança e uma crítica velada que nos inspira (ou ao menos eu xD) a fazer parte dessa luta pela liberdade com nossas vozes ativas ou transcritas em uma superfície, ainda que grande parte nem saiba qual liberdade deve ser almejada. Parabéns!

Postado 22/02/18 13:52

Cara, não tenho palavras para descrever o quão bem escrito esse poema é. Definitivamente, uma organização maravilhosa entre o conteúdo e o peso das palavras utilizadas. Parabéns!