No seu âmago, hábitos devorativos adormecidos
no travesseiro, toda noite esquecidos, aquecidos
na inércia subcutânea do corpo sem experiência,
no profundo abismo do Oceano Pacífico a essência
entra em guerra contra sua própria natureza; e as memórias,
vazias, a serem inevitavelmente pelo tempo preenchidas.
Noite após noite… Assim como a sede de quem libido sente,
assim como a fome de quem quer saciar-se.
Queria ver mais... Através das frestas festas ocultas
narradas dos feromônios, nas escuras ruas arestas,
incandescentes e impulsivas cenas trogloditas,
a língua afogava os gritos em suas retinas secas.
Deixou os olhos verem a altivez e a virilidade,
a boca escalar o corpo causando-lhe maçãs.
Deixou o som do ranger da cama penetrar a incapacidade,
Deixou-se tomar de sensações terrivelmente estranhas.
Pensava a nudez ser um problema de eternidade,
entretanto era sobreposto pela necessidade,
feito caminhão bitrem desgovernado de serenidade,
talvez seja visto como aterrorizante caridade.
E então… O querer ver, o poder tocar, o saber experimentar
não passam despercebidos da cena no ápice do amar,
do sonhar, escandalizar e gozar, da saliva provar
a gula do beijo e os lábios no queixo pousar.
Assim desarmada, totalmente entregue a paisagem vistosa,
ao deleite alarmante das vistas em pavorosa,
extraordinariamente a melhor descobertas do não saber
assimilar viscoso líquido surgido entre as pernas, e perceber
no cenário a euforia da urgência do corpo em aclive,
enquanto percorrida em pensamentos that live,
Living in my soul like a ferocious hunting dog
How could he silence the desire, without killing the dog?
Deveria? Saberia a inocência viver sem fogo?
Sem a vontade incontrolável sinestésica do incêndio?
Talvez… Talvez a menina se torne compulsiva observadora;
e quando soube dos outro detalhes, das mãos trêmulas de agora,
da saliva exagerada, das mãos geladas no suor quente da pele,
percebeu a fraqueza da calma e nada seria como antes dele.
Enquanto não olhava, não entendia, não sabia
e agora sua retina seca, indissociável pasma guia.
A caixinha vazia já se decora de histórias sem guardas-roupas,
desejos loucos de infringir regras dos tantos auroras,
Como fora sentir o cheiro do fluido a se consumir em urros sedentos,
em becos escuros ou macias camas ainda correm límpidos.
Se soubesse quando olhar aos 17, não seria fabuloso saber por si persuadir
a textura das peras, o gosto viscoso e doce da rosada vulva,
o toque do outro, a boca da outro, o calor do outro na chuva
enquanto fecha lentamente os olhos e deixa o vestido cair.
(A.K. 40)