Igor tentou chamar por sua mãe, mas sua voz não a atingia. Pensou de novo e de novo, no final de quatro minutos pedidos, olhou para todos os cadáveres, para a sua mãe em prantos e, por fim, para si mesmo, através da tela bloqueada do celular. Desbloqueou-a e respondeu rapidamente a mensagem. "Já sei o que quero fazer." e logo foi respondido "O quê?" e Igor respirou fundo e digitou "Ligue para os bandidos. Não sei se conseguirei fazer isso em pouco tempo, mas irei. Me observe." enviou a mensagem e ela foi visualizada, mas não respondida. Igor olhou para sua mãe e todas as pessoas mortas em sua volta e suspirou dizendo "Desculpem.", enquanto pegava um bastão que achou entre os corpos.

Cerca de meia hora após fazer sua ligação, três homens altos, mal-encarados e com barba por fazer, chegaram na porta da casa de Igor. Um deles segurava um revólver, o outro um pedaço de madeira com pregos ressaltados na ponta e o terceiro tinha uma faca de açougueiro na mão. Os três maníacos haviam sido contratados para um trabalho simples - entrar no estabelecimento, estuprar e matar a mulher que os estaria esperando, matar quem entrasse no seu caminho, depois ir embora discretamente e verificar os dez mil dólares adicionais que seriam depositados nas contas de cada um. Os três, em sincronia, tiraram máscaras de palhaços de seus bolsos e as vestiram, para que não fossem reconhecidos durante o trabalho.

A porta da casa estava aberta.

Assim que os homens entraram, um deles recebeu uma mensagem em seu celular. "Sua vítima está amarrada, esperando na cozinha", dizia o recado, o que levou os três a irem até o local para realizarem logo seu serviço. Ao chegarem lá, sentiram um forte cheiro de gás, e não viram qualquer pessoa presente.

Na parte subterrânea da casa, o cadáver brutalmente desfigurado da mãe de Igor jazia no solo imundo e encharcado de gasolina, bem ao lado de um taco de madeira recoberto com seu sangue. Diferente das demais vítimas do psicopata que a circundavam, seu corpo estava ajeitado de uma forma solene e em suas mãos gélidas estava uma vela já no fim. A chama do pavio tanto iluminava o macabro cenário quanto propriciou o devido incêndio e a subsequente explosão de todo o recinto quando o fogo e o gás se encontraram em uma união ardente e infernal.

O jovem observou a catástrofe de longe e em um choro discreto, todavia imensamente pesaroso. Bizarramente, conforme seus dedos digitavam uma nova mensagem, seus lábios foram formando um sorriso malevolente. Parou a mensagem no meio ao notar que o maldito e fraco lado de sua mente chamado Igor se fora. Finalmente, a pessoa que ele realmente sonhava matar desde pequeno havia sido eliminada ao matar a própria mãe. Igor seria dado como desaparecido e os criminosos, culpados das outras mortes. E ele, estava enfim livre e no controle... Como planejado. Rindo, aquele novo "homem" jogou os celulares num bueiro próximo e desapareceu nas sombras da noite que se iniciava: era o início de uma nova vida.

SUA vida.