As pessoas que passam do lado de fora,
Cada uma mais rápida que a outra,
Como quem aposta uma corrida sem poder correr...
O que vão fazer quando perceberem que chegou a hora de morrer?
Aqueço minhas mãos no café quente
E meu cotidiano na cafeteria lotada de gente,
Sempre sozinha, olhando pela janela
Do estabelecimento mais inusitado para ter meu café da manhã...
Sinto espetar como um alfinete afiado
Cada olhar que cai sobre meu ser detestável,
Os olhares invejosos;
Os olhares curiosos;
Os olhares mal-intencionados...
Um sorriso convidativo,
Parece ser o bastante para começar uma refeição...
Basta mesmo dar um misero sinal de interesse?
Ah! Tem vezes que basta o imaginário!!
Mas por que continuar demonstrando interesse as mentes férteis?
Como posso dizer? Eu amo!!!
Eu amo alimentar-me da carne;
Dos desejos;
De todo o ódio pelas coisas,
Contudo, amo, principalmente, alimentar-me de todo o medo e sofrimento.
É sem dúvidas o que mais atraia o meu estômago... Medo.
Só o silêncio da minha alma
Poderia assusta-los
Imagina se eu mostrasse meus pensamentos?
Ou o infortúnio de meu ventre pobre?
Ou somente os meus olhos de quando estou com fome...?
Até mesmo meu mais simples desejo poderia amedrontar suas curtas vidas.
Mas quem se importaria?
Só preciso manter um sorriso no rosto e um olhar distante
Para ninguém notar ou desconfiar de mim...
Uma boa pessoa não é suspeita.