Lá estava eu, no meu quintal pequeno e robusto, cheio de plantas que minha mãe insistia em plantar em qualquer coisa que pareça um vaso de flores, mas a dona não podia ver um bocado de terra, semente e algo para sustentar que já ia plantar suas florzinhas.
Bem, eu estava lá, deitada em um banco de cimento que mamãe também insistiu em fazer, estava preguiçosa e não tinha mais nada para fazer, quando vi uma florzinha rosa dando sopa e pensei:
"ah, que tal brincar?"
Por favor, não me julguem, tenho 17 anos e penso como uma criancinha de 5 as vezes, mas isso está fora de questão, enfim, eu vi a florzinha, peguei a bendita, e comecei a fazer aquilo que adorava fazer quando menor.
Bem me quer, e mal me quer, não sabe o que é? Ah, é um jogo que você despedaça pobres plantas para ver se alguém gosta de você ou não, resumidamente falando.
Comecei a fazer;
Bem me quer, mal me quer.
Bem me quer, mal me quer.
Bem me quer, mal me quer.
Bem me quer, mal me quer.
Como eram seis petalas, fiz isso com todas, até sobrar apenas o "miolinho" delas.
E advinha o resultado? Deu bem me quer!
Eu sorri, bobamente, lembrei de quantas flores tirei as pétalas para saber se os rapazes gostavam de mim, e bem, na maioria das vezes dava bem me quer, mas na vida real, o mundo real e não o infantil não funcionava assim, infelizmente.
E desta vez, pela primeira vez, me senti feliz de verdade, pois sabia que quando deu o resultado bom, a pessoa também gostava de mim, ela havia falado, ou melhor, ele escreveu.
Mas infelizmente veio outro contra-tempo, não era a falta de reciprocidade, não era nada, era eu o problema, mas aquilo não era novidade, eu sempre era o problema mesmo, mas ah...
Eu queria que não houvesse distancia, nem idade, nem nada disso, queria fazer aquele joguinho das flores dar certo, fazer o bem me quer dar certo, mas não dava, por mais que certos pensamentos de "felizes para sempre" me invadissem durante a madrugada, eu sabia que não era real, era apenas mais um amor longínquo que eu teria que superar.
Bem, e advinha? Eu como menina boba e sentimental, chorei uns bons bocados.
pensei maldizendo a vida:
"Por que quando não é uma coisa, é outra? Não podia tudo bater certinho e dar 100% certo? Mas que diabos!"
Me levantei do banquinho, joguei a flor que usei no chão incrédula e com raiva, aquela cor de rosa que despedacei ficou por lá, aposto que se ela tivesse vida, ela me xingaria horrores, ainda bem que ela não falava não é?
Entre em casa, liguei o meu computador, peguei músicas alegres para me distrair mesmo sabendo que era em vão, e comecei a escrever isto aqui.
Estou escrevendo este relato, o relato do bem me quer e mal me quer.
O jogo que sempre me deixou feliz e triste, o jogo que nunca deu certo, não importa o que a flor "diga" para mim, não importa quantas pétalas digam que sim, que daria certo.
No final voltamos ao mundo adulto, no quintal cheio de flores, e de lágrimas, naquele mesmo banquinho de cimento, onde nem todas nossas fantasias dão certo.
Bem, a vida tem dessas, vou jogar adoleta da proxima vez, ou quem sabe pular corda, fazer algo que não me faça pensar no mundo adulto, no mundo real.
É fazer isto, ou escrever meus pensamentos como uma velha amargurada! Bem, acho que estou fazendo a segunda sentença agora mesmo, certo?
Bem, esse é o nosso viver, brincar de arrancar flores e descobrir que de nada serve, esquecer aquela bobagem e voltar a fazer outra coisa, a vida é enorme e cheia de possibilidades, quem sabe um dia aquele jogo de infancia não vira e não dá certo?
Ai só falta a planta dar "mal me quer", se isso acontecer vai ser um porre, mas se acontecer mesmo vou mesmo assim e roubo um beijo do galã, se o meu destino for decidido apenas por uma simples coisinha como essa, bem meu destino não vale muito.
Escrito por Pequena Estrela.