Notas do cansaço (Em Andamento)
Calígula
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 11/06/18 10:46
Editado: 06/08/20 22:31
Gênero(s): Reflexivo
Tags: Cansaço
Qtd. de Capítulos: 5
Cap. Postado: 06/08/20 22:23
Avaliação: 9.87
Tempo de Leitura: 39seg a 53seg
Apreciadores: 3
Comentários: 3
Total de Visualizações: 148
Usuários que Visualizaram: 4
Palavras: 106
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Livre para todos os públicos
Notas do cansaço
Notas de Cabeçalho

https://www.youtube.com/watch?v=exxxxrOMfL4&t=180s

- IV - Marionete de olhos tombados para dentro

Sou um pequeno personagem sendo interpretado por um ator morto. Amarraram cordas em mim, maquiaram-me de uma maneira talvez qualquer pouco convincente, ainda que ridícula (mas não mais ridícula que minha verdadeiras feições eram quando ainda estava vivo). Agora alguém me puxa de um lado para outro, faz-me gesticular como um imbecil, põe palavras em minha boca para que a ilusão não soe assim tão estranha, assim tão patética… E por fim nem sou capaz de saber o que é que estão criando ou fingindo criar com meus restos. Mas esse é o benefício de estar morto: sabendo ou não, isso e também mais nada interessa.

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Apreciadores (3)
Comentários (3)
Postado 07/08/20 20:40 Editado 07/08/20 20:42

Ah, Pablo, é sempre um deleite para mim poder ler suas obras. Fico muito feliz que tenha conseguido escrever novamente — lembro que você comentou no grupo sobre estar com dificuldades em produzir (eu lembro das coisas, viu!? Principalmente aquelas que são relacionadas a pessoas que considero e admiro)

Por todas as perspectivas possíveis, a sua escrita é impecável. Não consigo imaginar um escrito seu que não possua este atributo, afinal você é um excelente autor. Neste texto, em especial, senti algo formidável vindo das palavras. Pode até soar bizarro (perdoa a bizarrice e não desiste de mim, tá?), mas me soou encantadora a forma que você expressou essa marionete morta, que nos mostra a parte boa de morrer. A gente fantasia tanto sobre a parte sombria da morte, mas esquecemos que ela vai ser um obscurecimento da vida que, para muitos, é melhor ser esquecida.

Em alguns momentos da leitura, pensei se tratar de uma opressão. Muitas vezes somos marionetes cegas em diversos momentos e algumas pessoas se aproveitam disso, levando nossa alma, nosso corpo e nossa sanidade. Somente na morte isso faz sentido e só então notamos que isso já não mais importa, pois já passou. Basta se entregar à morte. Talvez seja viagem minha, mas enfim...

Muito obrigada por compartilhar esta obra pequena em extensão, mas profunda em interpretação! O senhor é, sempre, alguém capaz de me levar à reflexões bizarras, mas, muitas vezes, necessárias.

Parabéns, mil vezes, Pablo! ♥

Carinhosamente, sua grande/pequena fã, Ternura.

Postado 10/08/20 01:14

Mestre/Irmão...

Não sei se te admiro, invejo ou odeio [o bom sentido(?!), claro] por esta obra, pois as palavras parecem falar de mim, para mim e por mim.

E de você, para você e por você também...

Meu velho, isso é triste e belo na mesma proporção. Mas, sei que não estamos de todo mortos pois defuntos não seriam capazes de ter uma irmandade e cumplicidade tão doentia e peculiar quanto a nossa. Eu sei disso. E isso me faz bem.

Parabéns pela obra inspirada e inspiradora, Mestre/Irmåo!

Postado 26/10/20 18:31 Editado 26/10/20 18:32

E não somos todos marionetes?

A vida, o sistema, a sociedade... Somos meras marionetes se pensarmos na existência humana como um todo, infelizmente...

Estou adorando refletir a partir dessa obra maravilhosa!!