— Então ele morreu? — o general Rocha perguntava olhando fixamente para Fernando.
— Sim e temo dizer, que o senhor é o próximo.
O major continuava: — Não há outro mutante, que possa lhe curar.
— Assim que descobri sobre a doença que vem com esses poderes, ocultei-os de todas as formas que eu pude, usei toda a minha influência e posição para me salvar...
Era a primeira vez que Fernando via seu superior e amigo, chorar.
— Aquele acidente saiu caro para nós dois, mas eu aceitei a minha derrota. Pode ir embora.
— O senhor mente. — Fernando retrucava. — Posso ver nesse olhar, que ainda vai fazer alguma coisa. O que é?
— Sagaz como sempre. Sacrificar o cabo foi tudo o que me restou.
Rocha respondeu saindo da sala em largas passadas.
— Senhor! Me escute! Não temos uma usina nuclear, como pretende fazer isso?!
— Logo irá saber. — o general respondeu andando calmamente pelo corredor.
Enquanto isso, César abre os olhos diretamente para um ventilador de teto, que gira em uma velocidade estupidamente baixa.
— Irmãs, Roberta? — sua voz fraquejava.
Todas as três estavam dormindo, até que uma voz lhe chamou: — Herói?
Era um médico que tinha uma prancheta e uma caneta em mãos.
— Onde eu estou? — César indagava sentando-se na cama.
— Você teve um ataque do coração e elas lhe trouxeram. Por sorte conseguimos salvar a sua vida. — o médico contava.
— Eu achei que fosse incurável. O que está havendo?
César perguntava-se olhando as palmas de suas mãos.
— Incurável? — o médico perguntou.
— É. — César respondia. — Eu sou um mutant...
Ao saltar da cama, ele caiu com as costas no chão: — Merda! Por que eu não voei?!
— Voar?! — o médico indagava-se. — Espera ai, você é o rapaz do vídeo!
Com o barulho tanto Roberta como as irmãs despertavam.
— Sim eu era, mas eu não posso! Nem fazer fogo! — César gritava tentando invocar suas labaredas sem sucesso.
— A Gabi e a Luna te curaram. — Roberta intrometia-se. — Devem ter tirado os seus poderes, no processo.
— O que?! — tanto o médico como César gritaram em ordem unida.
Um tremor jogou todos do quarto no chão, mas nenhum deles sabia o que era.
A verdade era que todo o estado do Rio de Janeiro, naquela noite, piscava como lanterna natalina. Até que a escuridão domou tudo.
— Um terremoto, seguido de um apagão? — o médico perguntava-se ao ver as crianças abraçadas com o irmão.
— Angra. — César soltou palavras ao vento.
— O que? — Roberta perguntou enquanto saia debaixo de uma mesa.
— De alguma forma eu me lembro! — César contava. — Isso já aconteceu em Angra dos Reis!
Assim que o grito terminou, uma explosão clareou não só a noite, como a janela daquele hospital. Até mesmo os vidros eram estraçalhados.