Meu querido Cais, hoje quem lhe escreve está distante
de quem um dia lhe escreveu.
Hoje, decidi ousar e olhar para o céu
pude ver através dos Véus de Maya a imensidão do esplendor.
Deixo algumas correntes caírem, enquanto prendo-me a outras.
Converso com a dançarina sobre nossas novas danças.
Vejo a possibilidade de novos sóis e luas,
é hora de me desprender de mais uma parte de mim.
Sabes que parte de ti é um eterno funeral
e nunca vimos, eu e você, funerais como ruins fins.
Peço que honre a poetisa moribunda
e a abrace com braços quentes, cante-lhe canções.
Leia para ela nossas, suas poesias,
a mostre o quando evoluiu através do lamento.
Enquanto eu a mostrarei não mais com vergonha,
e sim orgulho de toda sua luta e sacrifício.
O lamento não se encerra, jamais.
Acontece que é sua hora de ir
e me esperar retornar com mais vazio para lhe dar,
mais uma poetisa para dormir em seus mares.
Não ache você que haverá apenas rosas, sabe que elas sempre estão aqui.
Estou livre de março, mas ainda possuo medos.
Dona Maria, por favor olhe por mim
e saiba que hoje já fazem meses que não me chia o peito!
Parto para uma nova constelação quebrada,
atrás de sonhos e causas perdidas
que usarei meu sal e ferro para reencontrar.
E irei trazê-las para mostrar-lhe nossas conquistas.
Hoje, digo tchau meu amor.
Saio em rumo aos dias de ouro,
marque meu retorno, olhe sempre para o horizonte.
Hora ou outra voltarei chorando que nem criança.
Meu querido Cais,
que a felicidade, a poesia e o lamento o acompanhem por todos os mares.
Adeus!
Ou melhor, até logo!
Não sabe o quanto me aperta o coração encerrá-lo,
mas me conhece bem o suficiente para saber que hei de retornar.
Porque sei que enquanto eternas forem minha alma e minha ambição,
eterno será também meu sofrimento.