Disseram-me que minha musa existe, em algum lugar, à espera do momento certo para mostrar-se em sua altivez. Como primeiro impulso neguei, é claro. Que musa seria a inspiração de uma garota como eu?, desejei saber. Recém-chegada a essa vida, ainda tão crua, desprovida de grandes suavidades de temperamento.
Não sei se a desejo, musa de doces encantos. Faltariam-me palavras para lidar com sua sensibilidade ― tão refinada, e ácida, e exigente. Musas são seres complexos.
Não saberia lidar com a minha, ainda que me caísse sobre colo em plena luz do dia. Uma folha travessa fugida do vento.
Talvez eu prefira tê-la longe, esperando. Sempre esperando. Um texto escrito almejando o potencial do que poderia ser, caso a tivesse encontrado; esperançosa de que a encontraria, um dia.