No Princípio (Em Andamento)
Yvi
Usuários Acompanhando
Tipo: Romance ou Novela
Postado: 06/10/21 19:15
Editado: 16/10/22 18:25
Qtd. de Capítulos: 10
Cap. Postado: 13/10/21 23:42
Avaliação: 9.87
Tempo de Leitura: 6min a 9min
Apreciadores: 3
Comentários: 3
Total de Visualizações: 182
Usuários que Visualizaram: 6
Palavras: 1101
[Texto Divulgado] ""
Não recomendado para menores de dezesseis anos
No Princípio

Esta obra participou do Evento Academia de Ouro 2021, ganhando na categoria Romance ou Novela.
Para saber mais sobre o Evento e os ganhadores, acesse o tópico de Resultados.

Notas de Cabeçalho

A culpa continua sendo da tela do note. Estou vendo meio código de barras rosa.

Arrependimento mortal O tempo que não volta

Se arrependimento matasse, Diablair já estaria estirado no chão de sua enorme mansão naquele exato momento. Ele não possuía vocação alguma para cuidar de uma criança, principalmente no estado em que se encontrava. Havia acabado de travar uma das maiores batalhas de sua vida, estava mental e fisicamente destruído.

Ter que cuidar de uma criança era a última coisa que o líder Infernal desejava naquele momento, ele apenas queria contemplar toda a sua solidão na tranquilidade da mansão infernal.

Amaldiçoava Ternura a cada dois segundos. Se ela não tivesse saído correndo feito louca, se não tivesse pego a criança, se não tivesse colocado nos braços dele, se ele não tivesse pego a criatura, se... Por alguns instantes, até mesmo os monstros do passado deram uma trégua ao Líder Infernal, afim de assistirem de camarote toda a decadência de um ser condenado a cuidar de alguém.

Em outros tempos, ele simplesmente teria deixado a criança onde encontrou e voltado para sua escuridão aconchegante. Ela provavelmente seria devorada por algum demônio menor ou morreria de fome e sede antes que pudesse perceber, desde que o problema não viesse parar em suas mãos, conseguiria dormir tranquilamente, independente do resultado.

Deixou seus devaneios de lado quando a pequena, que havia acabado de abandonar os braços de Morfeu, lhe acertou uma faca no ombro. Não sabia de onde a criança tirava aqueles objetos, mas aquilo lhe deixava profundamente irritado, já que os arremessos não possuíam técnica alguma.

A pequenina era extremamente hostil e Diablair não tinha um pingo de paciência, o que tornou a comunicação entre eles muito difícil. O homem percebeu que ela sabia falar, mas que preferia não o fazer. Ele até tentou descobrir de onde ela tinha vindo ou o que havia acontecido, mas a criança limitou-se a esbravejar palavras desconexas e Diablair decidiu que seria melhor deixar ela sozinha por um tempo, para que pudesse se acalmar.

Mesmo sob uma chuva de facas, pegou a menina no colo mais uma vez e subiu as escadas negras de sua mansão, parando apenas quando já estavam de frente para uma porta de pinho. Diablair precisou usar toda sua destreza para segurar a criança e abrir a porta, revelando um quarto com uma decoração simples. Paredes de cimento queimado, uma cama de solteiro com lençóis acinzentados, alguns travesseiros e um pequeno lustre de cristal no teto. Escolheu aquele quarto por não possuir janelas. Seria mais fácil evitar uma possível tentativa de fuga.

Colocou a criança na cama da melhor forma que sua paciência lhe permitiu, saindo do quarto em seguida e trancando a porta. Ouviu a menina gritar e arremessar facas na porta, mas sabia que ela não conseguiria sair de lá sem que ele abrisse a porta. Decidiu não pensar muito no que tinha acabo de acontecer, apenas foi tirando as facas que ficaram presas em seu corpo enquanto caminhava na direção de seu quarto. Estava extremamente cansado, precisava dormir antes de pensar no que fazer.

E ele tentou. Deitou em sua enorme cama de casal e afundou a cabeça nos travesseiros negros, mas, quando os primeiros raios de sol escaparam por entre as frechas da cortina de veludo, desistiu de continuar deitado. Levantou, exausto, apenas para tornar a deitar. Passou as mãos no rosto. Seus pensamentos estavam uma verdadeira bagunça naquele momento.

— Eu sou o líder das Hordas Infernais e não uma babá. Maldita seja, Ternura!

Sem muitas opções para o momento, vestiu seu robe de cetim e saiu do quarto, descendo as escadas, em direção a cozinha. As empregadas até se assustaram com a presença sombria de seu mestre, mas ele apenas ignorou e ordenou que fizessem um café da manhã infantil. Claro que houve ainda mais estranhamento com o pedido inusitado, mas ninguém ousava sequer questionar o homem.

Já com a bandeja em mãos, Diablair rumou para o quarto onde a Imperatriz estava trancada. Ele segurou a bandeja com uma mão e abriu a porta com a outra, já preparado para um eventual ataque da infante. Para sua surpresa, nenhuma faca lhe acertou descuidadamente.

— Parece que a fera ainda não despertou. — Comentou Diablair, entrando no quarto e colocando a bandeja em cima da cama.

— Fera?

Diablair ficou surpreso. Não podia acreditar que apenas uma noite em um quarto escuro foi o suficiente para acalmar o coração daquela criaturinha problemática. Ele nem ao menos conseguiu responder, apenas ficou olhando uma Imperatriz sonolenta e completamente descabelada, que olhava para a bandeja com os olhos brilhando.

— Pode comer, é para você.

A menina não esperou que ele repetisse, apenas atacou as panquecas e o leite, como se nunca tivesse comido na vida. Diablair permaneceu ali, ainda incrédulo. A pequena não se parecia em nada com o monstro invocador de facas da outra noite. Pensou até que a fúria da menina fosse devido ao veneno das fadas.

— Qual seu nome, menina? — Perguntou, sem paciência, assim que ela terminou de comer.

— Acho que é Flávia, moço. E o seu?

— Diablair. De onde você veio?

— Não sei. Acho que sempre estive aqui. Eu lembro de estar caindo, de alguém chamar o meu nome e... Não sei.

Diablair suspira, cansado. Passou a noite tentando encontrar um meio de se comunicar com a criança, para chegar no quarto e se deparar com uma criatura aparentemente fofa e completamente diferente.

— Você tem família?

A pequena olhou profundamente nos olhos do Líder Infernal, inclinando um pouco a cabeça para o lado, como se estivesse tentando lembrar de alguma coisa. Diablair ficava cada vez mais intrigado com toda a situação.

— Não. — Falou, abaixando a cabeça. — E você?

— Não.

— Você me deu uma cama e comida.... Quer ser minha família? — Perguntou ela, sem jeito.

Diablair engasgou. O que diabos estava acontecendo? De uma hora para outra teve sua vida completamente revirada. Primeiro com a aparição da Ternura, e agora com o sumiço dela e a aparição de um capeta em forma de menininha fofa e carente. Sua intenção era sair correndo e trancar a menina, na esperança de quando ele retornasse, ela tivesse voltado a ser o capeta das facas, mas todo o seu plano se foi quando olhou mais uma vez para a criança.

A pequena estava com os olhos cheios de lágrimas, agarrada ao seu cobertorzinho roxo e mexendo os dedos, demonstrando ansiedade e medo. Diablair decidiu que seria melhor mandar seu plano de abandonar a menina para o inferno, e aceitar o pedido da infante, a fim de evitar um rio de lágrimas das quais ele definitivamente não saberia como lidar.

— Bom, eu posso ser.... seu tio. O que acha?

— Tio! Tio Diab!!! — A menina começou a pular na cama.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Curiosidade: Quando eu e diab nos conhecemos, a conversa foi total estranha. Bem sem lógica mesmo, igual a da Imperatriz, que do nada pediu pro desconhecido ser da família... kkkkkkkkkkkk Era uma época muito sinistra e legal também!

Apreciadores (3)
Comentários (3)
Postado 14/10/21 23:05

Meu coração se aqueceu até borbulhar e virar lava derretida. A narração foi tão fluida e tão leve que simplesmente foi impossível ler sem adentrá-la e senti-la na pele e nos ossos, assim como na alma.

O significado da palavra família é sempre o mesmo, não importa a cultura, e é engraçado como algo tão simplório seja desconhecido a estes dois seres, que possuem caminhos diversos, sombrios e marcados pela dor/abandono. Eles seriam a família mais improvável e, ainda assim, a mais provável possível.

Meu coração doeu ao ler certas partes. Entendo a indiferença, assim como a insegurança de Diablair, mas essa contradição da Imperatriz releva que, apesar desse espírito violento e traumatizado, ela também possui uma vontade comum a todos os seres humanos: o desejo de pertencer a algum lugar com pessoas que nos estimam. A finalização do capítulo me deixou com os olhos marejados... Da vontade de colocar a Imperatriz em um potinho :c

Acho que parte do "amolecimento" do Diablair advém de suas andanças que atravessam os milênios com a Ternura fujona. Eles viveram muita coisa juntos e construíram um laço muito forte, além de terem aprendido o significado de muitas coisas juntos. Então, em minha perspectiva, é compreensível essa aceitação-meio-relutante à Imperatriz. A verdade é que todos os nossos personagens passaram por momentos sombrios e tiveram suas almas marcadas. A solidão silensiosa que eles viveram outrora simplesmente irá evaporar, pois, no futuro, todos eles estarão cercados por pessoas especiais e viverão em uma casa muito barulhenta. A união cura ou, ao menos, ameniza a dor... Acho que fomos isso que aprendemos um com o outro, fora das linhas e das nossas histórias :)

Essa narrativa é tão impactante, divertida e cheia de mistérios... PRECISO DE MAIS CAPÍTULOS!

Obrigada por compartilhar conosco!

Parabéns, Flavinha ♥

Postado 15/10/21 13:52

Eu e o Diab conversamos um bocado a respeito da relação dele com a Imperatriz. A gente pode não estar falando do True, mas ainda estamos falando de um Diab que não sabia bem os sentimentos que tinha/tem.

Lembro que quando conheci ele, foi a maior loucura. Eu tinha medo, não vou negar kkkkkkkk mas na época eu era bem like a Imperatriz e queria fazer de todo mundo a minha família (lembra dessa vibe de família do AS?)

Muito obrigada, Brinis.

Postado 16/10/21 18:10

"A pequena estava com os olhos cheios de lágrimas, agarrada ao seu cobertorzinho roxo e mexendo os dedos, demonstrando ansiedade e medo. Diablair decidiu que seria melhor mandar seu plano de abandonar a menina para o inferno, e aceitar o pedido da infante, a fim de evitar um rio de lágrimas das quais ele definitivamente não saberia como lidar." - ESSA FOI DEFINITIVAMENTE A COISA MAIS FOFINHA DO UNIVERSO AAAAAAA * --- *

Ok, preciso me recompor para escrever um comentário digno dessa obra de arte que foi esse capítulo.

Uma mini-Flavinha atirando facas? Isso foi totalmente kawaii desu * - *

E o Sr. Diablair nem poderia imaginar o quanto a sua vida mudaria - para muito melhor - com a chegada dessa sua primeira sobrinha!

Flavinha chamando ele de tio Diab pela primeira vez é tudo de mais fofinho que pode existir! <3 <3 <3

Postado 16/10/21 23:37

Alguns capítulos de glicose nunca fazem mal, principalmente antes de todo o massacre começar kkkkkkkk

Postado 22/09/22 00:15

Satã, depois do comentário da Srta Ternura, fiquei meio sem ter o que dizer... Ela expôs magistralmente tudo o que eu pensei e senti ao ler este capítulo.

Este começo da Imperatriz com o Diablair se deu em tempos muito sombrios e sob circunstâncias adversas demais para ambos, então essa mudança de atitude da criança feroz para algo mais, digamos, delicado é uma quebra de clima muito grande e poderosa. É até difícil imaginar que alguém cuja alcunha de batismo é Imperatriz do Massacre tenha um lado assim, mesmo considerando que ela era só uma menininha quando Diablair a encontrou.

Isso me fez pensar nos casos em que, quando vamos averiguar a infância de psicopatas e outros tipos de monstros da vida real, muitas vezes houve todo tipo de abusos, maus tratos e toda sorte de acontecimentos nefastos no início de suas existências. Quem sabe que tipo de aberração a Imperatriz teria se tornado se tivesse tido outro tipo de tratamento, mesmo sob os cuidados do próprio Líder Infernal...

É um capítulo/questionamento para se pensar. Muito bom trabalho, Srta Yvi!

Atenciosamente,

Um ser que foi esfaqueado por uma adoravel psicopata infantil, Diablair.

Postado 01/10/22 21:16

Imperatriz nunca bateu bem da cabeça, isso é fato. Numa ora ela diz "oi, vamos brincar" e na outra ela solta um "oi, vou te matar". Quase a mesma coisa.

Outras obras de Yvi

Outras obras do gênero Ação

Outras obras do gênero Aventura

Outras obras do gênero Comédia

Outras obras do gênero Drama