Bem, podemos dizer que o amor platônico é um tipo de amor de uma pessoa só, ou seja, é coisa da sua cabeça e nada mais, mas, nem por isso é uma coisa de menos!!! O ponto é que se trata daquele amor que não chega a se tornar real. Aquela pessoa que você idealiza, sonha, romantiza, fantasia e tudo mais que a sua descompensada cabeça é capaz de criar com fundamentos em um desejo carnal.

Os motivos acabam sendo inúmeros, como, por exemplo, um amor por um ídolo muito distante ou distinto de sua realidade, uma pessoa compromissada, alguém que você não tem coragem de assumir os seus sentimentos e por aí segue… mas, a essência não muda não, acaba que todos esses modelos convergem para um amor que está apenas no campo das ideias. Por isso, muitas vezes um amor platônico também significa um amor não correspondido ou impossível dentro das suas limitações.

O ponto mais curioso é por que exatamente ele se chama amor platônico?

Bom, amor, como a maioria de nós conhece, é uma emoção que nos faz querer bem, cuidar, proteger e se relacionar com outras pessoas e com o mundo. Mas, Platônico é estranho neh? Deriva de Platina? Plutão?! Pluto? Não meus amigos, deriva de Platão!

Quem?

Platão, foi um filósofo da Grécia antiga, que acabou influenciando as ideias ocidentais, que devem participar, inclusive, da sua forma de significar o mundo, pois, elas perduram até hoje. O cara é bom neh?

Ele foi o autor do Mito das Cavernas, se quiser saber mais deixa um comentário que um dia eu conto essa historinha completa. Mas, em resumo, trata-se de uma metáfora que tem por objetivo elucidar a sua teoria das ideias. Platão concebia a realidade de forma dual, ou seja, para ele existia o mundo físico ou sensível, esse aqui em que o nosso corpo vive e se relaciona por intermédio dos sentidos, que é mutável, efêmero e imperfeito… e o mundo inteligível e de nossa alma, composto pela ideia pura, eterna e perfeita das coisas.

E eu particularmente acho essa sacada incrível, pois de algum modo, Platão observa que às coisas na nossa cabeça ou as ideias parecem ser bem mais perfeitas do que quando elas acontecem de verdade. Pode pegar um exemplo de um ex-namorado seu para provar isso, quer ver só: no início não era maravilhoso? Ainda mais quando ele estava mais nos seus pensamentos ou processos imaginativos do que no mundo real. E depois de um tempo, eu nem preciso dizer o que acontece, não é mesmo?

E quem ainda não percebeu isso, vai viver se frustrando, alimentando expectativas perfeitas de um mundo imperfeito (geralmente esse é o problema dos perfeccionistas, coisa que eu já foi de carteirinha). E isso, inclusive, pode ser o principal motivo do fato de você não encontrar um companheiro. Ou encontrar e ver que ele não era tudo aquilo que você imaginou e acabar se separando por isso, convencido de que um dia você vai encontrar o príncipe ou a princesa da sua cabeça.

É meus amigos, para romper com essa barreira entre mundo das ideias e mundo sensível à gente passa por um choque de realidade que muitas vezes frustra (o príncipe talvez seja o sapo mesmo!!!). Mas, não podemos esquecer que a nossa vida acontece inclusive por aqui. No entanto, eu tenho que admitir que até mesmo o excesso de realidade pode fazer mal, inclusive dependendo da forma que você assimila tudo isso na sua cabeça, então, eu apelo para o tio Aristóteles que foi outro filósofo grego e amiguinho de Platão, que nos lembra que o equilíbrio é sempre a melhor medida.

Em outras palavras, saiba reconhecer e receber a nossa imperfeita realidade, e, ao mesmo tempo, quando tudo estiver uma bosta mesmo, brinque com as suas fantasias, aproveita que elas são gostosas e gratuitas, mas, cuidado para não se deixar ser seduzido por elas e, inclusive, cuidado com o metaverso!