Eis que aqui estamos! Apresento-vos o desinventar de tudo, acontece que até o distorcido e pessimamente enunciando conceito de presente nada, repito-vos, nada, existe!
Observem! Veem aquele ponto? Precisamente! Um ponto, algo de dimensões indefinidas, algo tão importunamente pequeno que se utiliza para demonstrar interseções entre “coisas”, algo que concretizou-se de modo a ser tão insignificante que, no auge de sua insignificância, fez-se como base para todas as tentativas possíveis de demonstrarmos algo possivelmente remoto próximo do que seria o dimensionamento do espaço-tempo.
Em alguma “localização” no sistema de coordenadas espaço-tempo ainda não pertencente ao universo a unidade básica que mensurará as expectativas temporais como conhecemos ainda não completou sua primeira unidade, talvez nem metade dela, mas como poderíamos saber disso? A luz ainda não chegou lá, o universo não deixou de expandir-se, de resfriar-se...
O ponto onde tudo se iniciou ainda reside lá, com um amontoado de infinitas partículas com uma, ainda, absurda densidade até para os mais compactos materiais existentes; enquanto ainda há pontos sem matéria e luz, dentro de nossa visibilidade para como o universo, podemos ver fatos ocorridos há sabe-se lá quanto tempo, ainda hoje, vemos estrelas surgirem em um piscar de olhos, a luz nunca viajou tão depressa e tão vagarosamente para as dimensões volumétricas que temos. Segundos atrás, uma nuvem de agregados iniciou-se, o que era, inicialmente, extremamente leve contendo alguns gases e poeira cósmica começa a desabar sobre si mesma dentro de uma porção monumental de vácuo, pela ação do campo gravitacional, poeira recai sobre poeira, não demora até que tenhamos um agregado “maciço”, alguns grupos rochosos se formam, gases são aprisionados sob pressão extrema dentro destes e então, os choques iniciam-se, no que aparenta ser uma total perda de energia, partículas colidem em velocidades além do imaginável, com efeitos catastróficos, por assim dizer, em seu íntimo, núcleos de átomos são destroçados, a brutalidade das colisões é imensa, o que parecia apenas ser um uso fútil de energia demonstra, na realidade, ser uma íntima reestruturação de toda a matéria. Ao ponto que as partículas perdem velocidade e destroçam-se em pedaços cada vez menores vai surgindo uma espécie de acúmulo de infinitas unidades básicas que só aparentam concentrar-se, logo, a inumerável quantidade de pontos forma uma grande bola de irradiação, algo tão elementar, mas de uma forma tão densa que faz com que a operação anterior se repita, mas desta vez, de maneira amena de modo tal que, no final, os compostos rochosos sobrevivem e ao invés desintegrarem em unidades básicas, juntam-se com certa diversidade de poeira e gases que dá uma propriedade diferente do que se criou anteriormente; os novos astros possuem baixa densidade se comparado às bolas densas e, graças às deformações que a matéria denota ao espaço-tempo, orbitam graciosamente presas eternamente a estas, tais criações do universo, chamamos de planetas e estrelas.
Infelizmente, nem tudo que é belo pode durar e as luzes que cá chegam um dia brilharão mais forte antes de se extinguir, assim como criadas foram, destruídas serão, e por dentro daquelas estrelas que colidiram até começarem a existir, incessantes colisões há e estas, bem, elas realizam o estrago por si só; no afazer de recriar unidades básicas da matéria as estrelas se desgastam e antes que possamos perceber (sim, algumas sequer sabemos que existem quanto mais que se extinguiram) sumiram, numa implosão de massa de proporções indescritíveis (bem, creio que já tenham entendido a que proporções), tudo que era massa e energia desaba, excluindo o núcleo da estrela, toda matéria é expulsa desta (uma supernova,assim é denominado o acontecimento) chegando a brilhar tanto quanto uma galáxia pode, sozinha, a estrela aparenta ser imbatível até que, não suportando o impacto de sua implosão, a imensa nuvem eletrônica sofre um impacto, imensamente desproporcional com tudo que possa haver, com o núcleo; dizemos, neste caso, que a estrela colapsou sobre si mesma e quando a pressão é tão fortemente intensa que sequer os nêutrons conseguem suportar, uma singularidade do espaço-tempo surge, a morte para tudo que “é”, eis que surge a aversão à existência, segundo a tudo cria-se um buraco negro, o ultimato do universo para com sua estruturação dimensional, quando a energia liberada é tão incontestavelmente superior a tudo, as paredes do universo abrem-se, e superando a velocidade da luz, a velocidade de escape do buraco negro vence tudo e todos que põe-se em seu caminho, é o fim, só pode ser o fim...
Mas quem realmente se importa com isso tudo? Em algum lugar que, ironicamente, ainda não há, "tudo isso" foi só um segundo atrás...
– Então, não queria que fosse assim, mas você entende, né? Espero que isso não mude nada entre nós...
– Sim, é claro, entendo... – engulo a seco – só amigos, é claro.