A arquibancada estava lotada.
Os burburinhos eram ensurdecedores.
O cheiro de pipoca era sentido de longe.
No picadeiro, as luzes acenderam.
O espetáculo começou e o locutor anunciou:
“Chegou a hora do verdadeiro show!”
Uma asiática de aparência angelical
Apareceu em meio ao turbilhão de aplausos.
Ao seu lado, um “demônio” alto e sorridente.
Aquilo, que mais parecia uma luta, teve início.
Os dois dançavam enquanto trocavam golpes.
Suas lâminas entoavam uma melodia mórbida.
A batalha era feroz e encantadora.
A sutileza dos movimentos dela
Contrastava com a brutalidade dos dele.
O público estava enlouquecido
Com aquela história de amor e ódio
Que tinha tudo para não dar certo.
A música foi parando aos poucos,
Mas eles permaneciam guerreando; bailando
Mesmo com as cortinas já se fechando.
Aquela história não acabaria ali!
Eles continuariam mesmo depois do remate,
Afinal, não existe fim para a arte.
» ☆ «
“Iremos dançar juntos
Mesmo depois do fim.
Continuaremos lutando
Em todas as batalhas.
Vamos te encantar com
O nosso sofrimento.
Transformaremos
O feio em algo belo;
O ódio no mais puro
E verdadeiro amor.
Essa é a nossa guerra;
Nossa arte; nossa vida!
É tudo o que sabemos fazer,
Então sente e aprecie o show.”