A Morte Após a Traição
Eulalio
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 17/02/17 11:01
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 8min a 11min
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Não recomendado para menores de dezesseis anos
Capítulo Único A Morte Após a Traição

Aquela mulher parecia ser a parceira ideal, foram dias maravilhosos em que eles estiveram juntos. Dias não, meses, até que ele resolveu tomar a decisão de lhe pedir a mão e abençoar a relação diante do matrimônio. Era a mulher ideal para si, não via algum tipo de defeito, lhe satisfazia todos os desejos, não reclamava quando chegava tarde às sextas-feiras após bebedeira com os amigos, cuidava da casa e dele com a devida atenção, estava sempre disposta para o sexo a qualquer hora, em qualquer lugar e por quantas vezes quisesse.

Talvez tenha sido o sexo que mais lhe chamou a atenção, ela era despudorada, demonstrava sentir prazer e não se saciava facilmente, aceitava qualquer tipo de posição e pedia mais. Quando apenas namoravam isso não era um problema, pois, justamente nos curtos encontros que tinham serviam para matar a saudade e aplacar toda a vontade guardada de possuí-la. Sobrava disposição, mas faltava tempo.

Quando casaram foram curtir a lua de mel no nordeste brasileiro. O calor, o sol, a praia e aquele biquíni minusculo no corpo de sua mulher se transformava num chamariz para o tesão. Ela fazia questão de desfilar pela areia da praia até a água do mar, sorria insinuosamente não só para ele, mas também dava uma "quebrada" de olhar para outros que lhe abençoava com palavras graciosas e com olhares desejosos de possuí-la. Ele, por sua vez, estava hipnotizado com tamanha beleza que era incapaz de olhar para os lados ou até mesmo notar que outros também olhavam para sua mulher e se insinuavam para ela.

E ela sentia prazer em ser tocada em público pelo seu marido, sabia que isso só fazia aumentar os olhares para si. Não era ingenuidade da parte dele, mas sim um tipo de oclusão mental, parecia não enxergar e se importar que as pessoas ao lado percebiam seus movimentos libidinosos em sua mulher. E ela adorava isso. Foram maravilhosos dias nupciais, até mesmo quando retornaram para casa.

O trabalho como taxista lhe rendia bem e permitia que ele chegasse mais cedo em casa brindando-a com alguns mimos que eram recompensados com sexo. Os dias de casados foram passando e eles começaram a se acostumar com a vida a dois. Ela não trabalhava, investia a remuneração de seu marido para ir à academia e manter as coxas grossas, o bumbum durinho e apetitoso, a barriga magra e os seios pareciam ter vida própria, se mostravam duros e empinados como a de uma jovem de 20 anos. Também não deixava de frequentar periodicamente o salão de beleza e era a responsável pelas compras mensais no mercado.

Os meses de convivência entre marido e mulher foram passando. Veio a crise econômica e de alguma forma ela afetou a relação do casal, que ainda permanecia em alta temperatura quando se encontravam. Ela se mostrava insaciável, porém, ele, com a necessidade de ficar mais tempo na rua para conseguir a mesma remuneração que tinha antes passou a chegar mais tarde em casa. As horas ociosas que tinha enquanto esperava por uma corrida só fazia aumentar o desejo de chegar em casa para despir sua mulher e se entregar aos prazeres da carne por onde ela estivesse.

Para compensar a ausência do marido ela passou a ficar mais tempo na academia. Gostava de fazer movimentos com seu macacão curto e bastante colado ao corpo. Evitava usar calcinha para não ficar marcando e o tecido elástico evidenciava mais suas partes íntimas quando agachava ou se alongava num determinado exercício. Os homens babavam e não deixavam por menos, se aproximavam, ofereciam ajuda e se insinuavam. Ela permitia ser desejada e agraciada por eles, mas sempre evitava maiores aproximações. Se permitia apenas aumentar seu ego para quando chegasse em casa repassasse todo o desejo e vontade para seu marido.

Mas foi com a diminuição do tempo de sexo com ele que a carência veio. Ela não se importava se ele a traía quando estava na rua trabalhando, nunca chegou a pensar nisso. Todos esses atrasos justificados pela crise e redução na corrida poderia ter uma mulher no meio, mas, mesmo assim ela não ligava.

Foi um homem na academia que lhe despertou interesse, parecia transpirar desejo, seu olhar parecia lhe possuir sem que ao menos fosse tocada, e quando suspirava após um exercício ela chegava a ter a sensação de orgasmo. Desse jeito, toda vez que o via na academia, se aproximava para fazer exercício em algum equipamento próximo para exibir seus atributos físicos. E ele percebeu, com todo seu jeito cafajeste se aproximou e ela praticamente se jogou em seus braços.

Ela fazia academia às segundas, quartas e sextas-feiras e isso não despertava a desconfiança do marido, que não sentia diferença alguma de atenção ao chegar em casa. Mas foram os mimos que havia deixado de presenteá-la que gerou desconfiança ao abrir inadvertidamente seu guarda-roupas e se deparar com peças novas e bastante provocantes de lingerie que nunca a viu usar.

Numa terça-feira ela avisou que iria ao Shopping. Era muito cedo e ela negou a carona ofertada pelo marido. Quando percebeu que, mesmo pegando um coletivo, ela chegaria antes do shopping abrir que o sinal vermelho da desconfiança acendeu. Pegou a chave do carro, deu aquele beijo e com um ar de provocação puxou a alça da camisa para lhe beijar os seios. Notou o sutiã novo em seu corpo e ela até tentou disfarçar, puxando a blusa para cima antes que fosse feita alguma pergunta.

Sem dizer nada ele saiu de casa, estacionou o carro na próxima esquina e ficou apenas observando. Um carro para à porta de sua casa, dá uma buzinada e curiosamente sua mulher sai, tranca o portão e entra no carro. O vidro era escuro, não dava para notar quem estava dentro. Ele retorna para o táxi e segue o veículo até a entrada de um motel. Era a certeza de que estava sendo traído e a cólera lhe corrompeu por completo. Queria entrar, mas sabia que os funcionários não revelariam em qual quarto sua esposa estaria fazendo sexo com o amante e chamariam a policia caso ele se exaltasse.

Foram quatro terríveis horas. Sua camisa estava encharcada de suor e seu olhar transtornado passava a alienação mental que estava vivendo naquele instante. Ele estava próximo o bastante da entrada do motel. Cutuca um pouco abaixo do seu banco e confere que lá havia uma arma, nunca havia utilizado, mas estava ali para se defender algum possível assalto. O portão já havia aberto e fechado para a saída de vários veículos, quando ele identifica o carro do amante não pensa duas vezes, sai do táxi com a arma em mãos e segue correndo até o veículo que ainda estava com a janela do motorista fechando.

- Não faça um movimento em falso! - o taxista grita para o motorista apontando a arma para sua cabeça

Era a situação da mais completa imprevisibilidade. Aquele motorista ali com a arma apontada para sua cabeça, o perfeito cafajeste que se insinuou para uma mulher casada e a levava quase todos os dias para o motel, também era um policial. Com suas táticas de distração e sem saber que quem lhe apontava a arma era o marido traído, ele alcança sua pistola e consegue disparar o primeiro tiro, acertando seu oponente na barriga.

Enquanto a mulher saía pela porta do carona e retornava para o motel para se abrigar, tiros são disparados de um lado para o outro. Ambos os homens, marido e amante são alvejados, sendo que o primeiro com maior gravidade. A dor de uma traição o levou a tal inconsequência, era impossível imaginar o que passava pela sua cabeça, talvez não fizesse nada e se fosse mais impulsivo, teria atirado logo na cabeça do amante e evitava que fosse alvejado. Seu corpo sangra e seus sentidos começam a reduzir, já estava estirado ao chão e não conseguia dizer uma palavra, apenas sentia o gosto de sangue na boca.

Policiais chegam a tempo, o socorro ainda encontra o marido com vida, mas não o suficiente para manter seus sinais vitais por muito tempo. O amante também precisa de cuidados e conseguiu ser levado ao hospital com vida. A esposa nada sofreu, retornou para sua casa com a certeza de que não mais veria seu marido e que provavelmente não teria mais sexo com seu amante, pelo menos nos próximos dias. Sua casa ficou vazia, seus sentimentos ficaram confusos, havia apenas uma certeza, que suas ações levaram àquela fatalidade.

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