— Eu só preciso de um sinal, de qualquer sinal, Sofia. – Lucas pedia desesperado enquanto acariciava os cabelos de sua amada.
Sofia Miller estava em coma há pouco mais de quinze anos graças a um acidente de carro. Durante todo esse tempo Lucas estava ao seu lado, mas havia chegado a hora do adeus. Os aparelhos seriam desligados na manhã do dia vinte e seis de Abril.
Faltando apenas alguns minutos, o homem fazia seu último apelo, na esperança de que não precisasse desistir da sua amada Sofia.
— Sei que pode me ouvir, então diga alguma coisa antes que o pior aconteça. Sofia, você é a mulher que eu amo. Eu sempre vou te amar, não importa o que aconteça hoje. Por favor, não me deixe te dizer adeus. Vamos trocar essa despedida por um sorriso. O que me diz? — Chorava pesadamente debruçado sobre o corpo inerte da outra.
O hospital inteiro conhecia a história do homem que abandonou toda sua vida para cuidar de alguém que poderia nunca acordar. Com a noticia de que os aparelhos da mulher finalmente seriam desligados, alguns ficaram tristes e outros aliviados por saberem que Lucas não mais iria “perder sua vida”.
— Sofia, o doutor está aqui, ele vai desligar tudo daqui alguns segundos. Não deixe que ele faça isso. Dê algum sinal! Fale alguma coisa, por favor, eu te imploro. — Em desespero, Lucas tomou Sofia nos braços e começou a sacudi-la. Os enfermeiros tiveram que segurá-lo.
Todos já estavam em suas posições. O relógio marcava exatas dez horas quando o silêncio dominou o quarto. Nenhum aparelho era mais ouvido. Estava feito. Após quinze anos em estado vegetativo, Sofia Miller havia ganhado seu tão merecido descanso.
— Perdoe-me. Você é o meu amor e mesmo assim eu desisti de você. Eu fui fraco, não pude impedir e agora estou aqui, te dizendo adeus. — Uma lágrima caiu de seu rosto e escorreu pela bochecha da falecida. — Você está chorando? Está com raiva de mim? Desculpe, eu não posso te alcançar agora, tudo que posso fazer é dizer adeus. — Dito isso, enxugou suas lágrimas e foi embora sem olhar para trás.