O Juízo dentro da caixa.
Scheffer
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 09/04/17 16:58
Editado: 03/09/17 11:07
Gênero(s): Drama
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
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Comentários: 1
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Palavras: 391
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Notas de Cabeçalho

Um conto para uma tarde chuvosa.

Capítulo Único O Juízo dentro da caixa.

Helena sentia que havia algo dentro de si que não estava bem,

Depois de tentar aquietar-se e olhar para dentro, conseguiu avistar no fundo de uma caixa velha e corrompida, seu juízo.

Alguns minutos observando, Helena reparou que o setor de análises estava abandonado. O juízo trabalhava exaustivamente, encaixando toda e qualquer opinião no setor de julgamento preestabelecido.

Observou que seu juízo havia entrado no modo automático, sobrecarregando seu cérebro, pois não conseguia assimilar tanta falta de assimilação.

Resolveu perguntar:

Que tipo de juízo é você?

Você não faz nada a não ser aceitar?

Não se expressa por que não pode?

Você se pergunta o porquê?

ou aceita sem saber?

Depois de perceber que estava sendo um tanto quanto abusiva, Helena resolve reduzir o tom e o ritmo de suas perguntas.

Seu juízo parecia não entender de onde vinha aquela voz, estava visivelmente atordoado.

Quando os ecos daquelas perguntas cessaram, o juízo voltou a sua função robotizada.

Aos poucos, Helena observava que ele se debatia.

Quando um pensamento resolveu cair da esteira de rolagem, o Juízo parou o maquinário e começou a tocar o chão como alguém que não tem visibilidade alguma.

Depois de muito tatear, encontrou o pensamento e recolocou-o na barra de rolagem.

Helena percebeu que o caso era bem pior do que imaginara de primeira viagem.

Resolveu fazer uso de sua voz novamente:

Juízo, pare um pouco. Me ouça. O que aconteceu contigo, está cego?

O juízo parou e sentou.

Estou.

Há cinco anos atrás eu ainda enxergava, minha função era estabelecer o que era certo e errado de acordo com meus arquivos históricos e minhas vivências. Era muito amigo da razão e inclusive da emoção.

Com o passar dos anos a goteira da falta de esperança começou a inundar o espaço. Não era mais o mesmo, pois toda vez que encaminhava um pensamento para o setor da dúvida e discórdia pacífica, recebia a raiva como resposta.

Com o tempo e o medo, o setor de questionamentos começou a decair e minha solução foi aceitar e encaminhar tudo para o setor de julgamento preestabelecido, já que esse era o único que aceitava todo e qualquer pensamento.

Restou o novo processo padrão, barato e rentável, da ideia preestabelecida. Não julgamos mais. Aceitamos. Pensar dói, se questionar machuca. Foi assim que nos ensinaram.

Assim continuamos vivendo e eu continuarei cego.

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Apreciadores (2)
Comentários (1)
Postado 09/04/17 18:24

Et voilà! Acho que o juízo cego faz muito bem seu serviço, hehehe. Evita sofrer e dar o aos outros o que eles querem. Simples assim! Juízo bom esse!