Sinestesia
Holzwarth
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 10/08/17 14:52
Editado: 07/05/19 10:48
Gênero(s): Drabble
Tags: drabble
Avaliação: 9.85
Tempo de Leitura: 37seg a 50seg
Apreciadores: 10
Comentários: 6
Total de Visualizações: 1005
Usuários que Visualizaram: 15
Palavras: 100
[Texto Divulgado] ""
Não recomendado para menores de dez anos
Capítulo Único Sinestesia

Apanho a carta com hesitação e dor no peito, com um nó apertado em minha garganta e lágrimas amargas lavando-me o rosto. A lembrança de sua voz vinha em suas palavras doces, escritas no papel áspero que eu tenho em minhas mãos; tremo ao segurá-lo entre meus dedos pálidos, e lembro-me daquele seu — impagável — sorriso.

Um sorriso hipnótico, estonteante e entorpecente. Seguro-me no aparador com a súbita lembrança, capaz de amolecer minhas pernas, piscando como luzes de natal em minha mente, queimando, ardendo, destruindo-me completamente.

Pergunto-me se ainda sorri assim, tão longe de mim, tão debaixo da terra, tão morta.

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Apreciadores (10)
Comentários (6)
Postado 13/08/17 14:17

Olá Sr.Holzwarth!!

Que texto mais maravilhoso!!!

Se nas primeiras linhas tudo já parecia horrivelmente triste... mas na última a facada é forte demais para aguentar...

Tudo foi escrito tão bem!!

Gostei muito desse seu texto!! Extremamente tocante!!

Parabéns pelos textos lindos que você já escreveu e postou aqui na Academia!! Espero ver muitos mais!!!

Um abraço, Meiling!!

Postado 14/08/17 19:27

Olá, Mrs. Meiling!

Se por acaso eu demorei, minhas sinceras desculpas; estou num periodozinho meio chato de avaliações escolares...

Fico muito feliz que tenha gostado das minhas palavras, de verdade! "Sinestesia" é, sim, um continho bem triste, e devo dizer que eu mesmo fico com o famigerado nó na garganta quando releio ele (nem sei o que se passava pela minha cabeça quando decidi escrevê-lo)

Muito obrigado pelos seus elogios e pelo seu comentário, eles significam muito pra mim! Pode apostar que vou continuar postando aqui, estou gostando muito de usar o site.

Abraços, Holzwarth

Postado 23/08/17 19:48

A tristeza desse texto é um pouco contagiante. Deixa, como você próprio citou, um nó na garganta. Eu não acho que tristeza seja algo ruim. Às vezes é bom ficar triste, mas não muito. Claro que lembranças felizes são muito melhores, mas não tem como controlar o que/como/quando lembrar, então... Só resta torcer para que a recuperação seja rápida. (Desculpe se não estou fazendo muito sentido. Sou assim mesmo)

Enfim, queria dizer que gostei muito dessa drabble. Parabéns!

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Postado 13/11/17 15:53

É uma dor anestesiante quando nos deparamos com estas cartas, de papel, ou essas cartas que nosso inconsciente nos manda mesmo. é de tremer as pernas, de perder as noites e de perfurar os pulmões. Mas nós continuamos aqui. Ainda aqui.

Mais uma vez, te parabenizo por outra obra linda. Esperarei ansiosa por mais alguma coisinha sua aqui.

Tu foi a minha melhor descoberta depois que o site voltou.

Obriagada por mostrar seu talento inconfundível aqui.

Tenaz e calmo...

Postado 15/11/17 16:00

Conter essa vontade amarga de deitar no chão e chorar é muito complicado, especialmente se essa pessoa significa muito para nós. Perder alguém e se lembrar das memórias e dos momentos dá essa dor anestésica, mesmo. As lembranças são capazes de fazer com que tudo pareça menos pior, mas só a sensação de que nunca mais viveremos coisas assim com aquele alguém é destruidora.

Obrigado, de coração! Fico imensamente feliz que goste das minhas palavras. Acho que mais textos meus sairão em breve, quando toda essa onda de provas de fim de ano passar.

Agradeço pelo comentário e pelos elogios!

Postado 13/11/17 19:05

Nada no mundo cura a dor deixada por alguém que partiu, nem mesmo o tempo com sua infinita sabedoria. Mesmo que os anos se passem, aquele vazio permanece em proporções grandes ou pequenas; insuportáveis ou suportáveis; imensas ou mínimas. A questão é: nunca estamos prontos para deixar partir, algo que já faz parte de nós.

Essa mensagem é passada com tamanha simplicidade no texto, que senti-me comovida. Às vezes, o pouco em sua essência extraordinária, é capaz de tomar demasiadamente o leitor. E isso, com toda certaza, acontece aqui.

Parabéns, moço!

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Postado 15/11/17 16:05

Não mesmo. Tudo aquilo que a gente enfrenta, especialmente as coisas boas, vão deixar marcas profundas nas nossas lembranças e na nossa vida como um todo. Quando esses seres se vão, resta um vazio que não pode ser preenchido por nada no mundo, e as memórias se tornam coisas doloridas demais para serem suportadas. É muito difícil deixar alguém partir, e o pior é quando ele parte sem a nossa permissão.

Obrigado pelo comentário e pelos seus elogios!

Postado 26/04/19 20:45

Esse texto é tão simples, mas ao mesmo tempo tão poético que merece ser relido algumas vezes. Devo dizer que estou admirando muito seu trabalho. Espero conhecer outras obras em breve.

Postado 14/02/21 20:35 Editado 14/02/21 20:36

Esta união de lembranças felizes com dolorosas foi de uma sutileza e crueldade simplesmente formidáveis, Sr Holzwarth. Uma obra sucinta, sombria, impactante e deleitável, com toda a certeza.

Meus sinceros parabéns e muito obrigado por nos agraciar com um texto aprazível como este.

Atenciosamente,

um ser morto por dentro, mas que se recorda de coisas e de outros mortos também, Diablair.

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