Sou apenas um grande impasse dentro do meu próprio corpo
Eu engasgo com minha própria voz
E meus lábios sangram quando tento sorrir,
enquanto o frio vai descolorindo minha casa ,
ele ensina minhas lágrimas apenas a deslizarem
quando eu me deito;
Pois eu mesma já tenho o coração diluído dentro do peito.
Eu quero ter a liberdade
Para sumir durante a semana exaustiva
E me plantar dentro de um buraco
sem cheiro e nem som
apenas para poder dar valor à minha escassa lucidez,
até que minha própria voz a esgote,
enforca-me-ei com minhas próprias discórdias.
Quero ter liberdade para permanecer opaca
E não ser forçada a sorrir para circunstâncias
E ao mesmo tempo em prestigio minha intensa solidão,
como me faz bem sentir as outras peles
e combinar com diversos outros olhos
e sentir as batidas do mundo beijando minhas costas com murros...
[E estar planando entre universos sintéticos!...]
Eu, sim eu
Eu torno a assentir com pesar e contentamento
Estou eu, congelada e trancafiada
em uma armadilha bem pensada
feita apenas com todos os meus dedos:
Estou eu, sentada me deliciando com minha própria guerra fria...
[Todos teremos o momento de trucidar uns aos outros,
pouco a pouco,
sigo cega minha extrema euforia]:
meu balançar de pernas,
minhas unhas roídas,
meus cabelos picotados,
meu sibilar de músicas ousadas,
meu desprezo quanto à minha própria melodia,
meus sorrisos que banham e abanam os gritos,
minhas noites mal dormidas,
minhas excitações repentinas,
meus disfarces vespertinos,
meu grupo de meninos,
meu doce lar em chamas,
minha fria e úmida cama,
meus espirros e espasmos,
meus laços e embaraços,
minha raiva que me possui a todo instante,
vômito sentimental ao deparar com uma memória nauseante,
meu doce canto de morte,
em meu cubículo, ecoando,
me disponho, esperando por uma migalha de sorte...
Sou eu apenas um grande disfarce,
um grande impasse,
estou fantasiada de menina.