Na solidão rotineira, entre duas ou três doses de gritos, embebo-me de fantasias carnalmente vazias. Deslizo-me por meus cabelos, sinto-me coberta por uma quentura fria; deslizo-me por meus braços dourados de sol de meio dia; deslizo-me rebuscando as vontades não satisfeitas entre os lençóis de quem me jura amor até a morte; deslizo-me à espera de que todas as luzes se apaguem, para que eu comece a desbravar meus universos magnéticos que se encontram entre as pernas.
Meus dedos deslizam com voracidade sobre as roupas, arrancando-as por debaixo das cobertas, invadem meus membros assombrando-os com espamos, e gritos e tremores... Tão cálidos, ritmados... Peculiares.
"Hoje vai ser com vontade!"
Gostaria de me olhar nos olhos, enquanto sinto-me eletrificada... E aqui está a melhor obra de arte que faço sozinha.
Enquanto faço as pazes com meu corpo, redeclaro amor à minha vagina.
Sacio minha sede de amor próprio com seiva fresca, diretamente da fonte.
Diretamente de meu interior. De meus mais curiosos bosques.
E enquanto os músculos das mãos não padecem, os olhos reviram buscando rostos que me inspirariam... E quando o corpo finalmente suspira, desmaio inalcansávelmente aliviada, logo em seguida.