As milhares de mãos pesando em meus ombros, não me confortam como deveriam fazer, a menina que me observa de dentro do espelho, torce o nariz cada vez que a encaro nos olhos (que antigamente costumavam ser meus). Fiz isso tantas vezes que já decorei cada tom, som e textura de tudo que sei chamar de dor.
Ando pelas ruas com meu guarda-chuva quebrado, esperando ser sugada pelas poças mas, elas apenas me mostram a parte menos corroída de mim.
Meus lábios sangram quando eu tento sorrir. Eu lambo as feridas. Aguardo a cura, mas lágrimas escorrem assim que me deito.
[é apenas minha história rotineira, que ninguém jamais compreenderá].
Então, eu olho para minhas mãos e não dou falta das unhas que deveriam estar decorando os dedos já que, estas residem em meu estômago e no chão e nos lençóis... É como se fosse uma lembrança de que a ansiedade irá me beliscar por todos os lados, em qualquer lugar.
Olho para meu rosto amarrotado, meus sonhos adormecem em uma caixinha de fósforos queimada.
E Já que só me resta isso, talvez eu espalhe minhas cinzas, por cada calçada bonita que eu encontrar na cidade.