Toc, toc, toc...
- Quem é?
- Sou eu, vovó!
- Ah, Alice... Um minuto...
Em alguns instantes, ouve-se o destrancar da porta, que abre-se revelando uma velhinha gorduchinha de rosto simpático.
- Minha netinha, como estou feliz de te ver. Venha, acabei de colocar um bolo no forno.
A menina entra na cabana, feita de troncos e com pesadas portas de madeira. A sala é cheia de móveis antigos, com um robusto sofá e uma lareira ocupando boa parte do lugar. Da cozinha, um cheiro delicioso vindo do bolo a assar.
- Aqui está vovó! - anuncia a menina, colocando a cesta na mesinha à frente do sofá - Seus remédios, algumas maçãs e laranjas que a mamãe mandou... E isso!
- Ah, Alice... Você sabe como me alegrar! - exclama a velha, vendo o chocolate nas mãos da netinha.
- Mas a senhora já sabe...
- ... não mais que dois tabletes por dia, eu sei. Você se preocupa demais...
- A senhora tem que se cuidar, vovó... - ela diz, antes de caírem abraçadas no sofá.
Após os mimos iniciais, a velha senhora deixou a netinha brincando com o celular e foi até a cozinha, onde preparou um suco com as laranjas e cortou o bolo recém assado. Após devorar tudo, Alice contou do encontro com o caçador.
- Que estranho! Não sabia que havia caçadores nesse bosque...
- Também estranhei, mas ele pareceu sincero...
- E aposto - diz a vovó, com um sorriso - que era bem bonitão, não era?
- Vovó!
- Pare com isso... Já tive sua idade, Alice. Você está crescendo, e ficando muito bonita... Não tirou uma foto dele, tirou?
- É claro que não, vovó!
- Que pena...
- Mas era bonito sim... - a menina confessa, corando quase ao ponto de sua capa...
- Não precisa ficar encabulada... É normal gostar de rapazes. Principalmente mais velhos... Ah, na sua idade, eu...
Toc, toc, toc
A conversa foi interrompida pela súbita batida na porta....