Acordamos atormentados com a possibilidades de simplesmente sumirmos do mapa. A ansiedade que desobstrui as fronteiras da sanidade percorre-nos todos os dias alertando-nos ininterruptamente do que virá, e sim, sabemos que virá. Mas, por que nos preocupamos tanto, e temos tanto medo de morrer, visto que a morte também faz parte da vida?
Não, não é coisa que nos acostumamos, ao menos não facilmente, nem ao menos conseguimos compreendê-la. Até por que acredito que não possuímos a capacidade suficiente para isso. Sobre as histórias? Que histórias? A do céu e o inferno, a das almas, dos Deuses e do Deus... bem, parece-me maneiras muito eficientes de amenizar o nosso mais profundo o temido sofrimento: o da saudade. A busca por quem sabe um dia rever quem mais amamos.
Todos iremos, mas por que é e sempre foi tão difícil? Seria uma cultura ocidental? Seria a minha falta de crença? Não sei dizer, mas almejo encontrar uma resposta. A dificuldade sempre esteve na dor de perder os outros, no fracasso de talvez não ter dado a atenção necessária, nos estados de ânimo que nem sempre nos permitem despedirmos de quem amamos com entusiasmo, na corrente que prende nossas palavras na garganta como forma de auto sabotagem.
O que é morrer? dormir? É não ter mais aquela voz interna que nos diz o que fazer depois que acordamos? É não sentir e nem respirar? E por que morremos? Por que vivemos? Por que existimos? Talvez, estejamos longe de encontrar uma resposta universal e a melhor estratégia ainda seja a resposta que cada um deve buscar ao longo de toda uma vida. Mesmo que a resposta mude a cada fração de tempo, mesmo que tudo pareça fazer e ao mesmo tempo não fazer sentido.
Autoconhecimento. Aprender a entender o seu corpo e a sua mente, seus estados de espírito, valorizar suas virtudes, rever seus erros, cultivar sentimentos puros. Lutar, lutar depois de descobrir o que lhe vale a pena, o que lhe traz alegrias, o que mantem você vivo. Não se acomodar, descobrir cada dia um mundo novo, uma busca nova pelo encontro das nossas várias formas de eu.
E por fim quem sabe, mesmo não encontrando resposta alguma, ter esperança, se colocar diante da vastidão do universo, da esbelta e magnifica natureza, dos sentimentos e momentos que movem o mundo, e acreditar que no fim, exista sim, um propósito.