Flores Mortas
Nazarick
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 01/03/18 16:02
Editado: 01/03/18 16:16
Gênero(s): Drama LGBT Romântico
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 20min a 27min
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Não recomendado para menores de doze anos
Notas de Cabeçalho

Espero que gostem <3

Capítulo Único Flores Mortas

O dia estava escuro, o sol se negava a oferecer seu calor e o vento gelado castigava os passageiros que haviam acabado de desembarcar no aeroporto da Filipinas. O tempo estava chuvoso e frio — sem vida. No meio da multidão que caminhava a passadas largas até o portão de saída, estava Alex. A máscara com bigodes de gato cobria o nariz, assim como os óculos escondiam as olheiras escuras abaixo dos olhos, e o boné disfarçava os cabelos desgrenhados que apontavam para todos os lados. Odiava fazer longas viagens e ter de ficar amassando a bunda na poltrona de um avião, por mais macia e confortável que fosse, ainda o enchia de cólera.

Diferente dos demais passageiros cujos familiares aguardavam ansiosos com placas girantes — outras nem tanto — os filhos, amigos, pais ou avós, ninguém esperava por ele. Não havia nenhuma placa grande ou pequena com seu nome escrito, não havia ninguém que pudesse o esperar com um sorriso no rosto e um abraço caloroso de boas-vindas, ou melhor, havia uma em especial, no entanto, dadas as circunstâncias, as chances de vê-lo no meio da multidão o aguardando era de uma em um milhão. Por isso colocou os fones no ouvido e arrastou a mala de médio porte até a entrada do Aeroporto. A disputa para se conseguir um taxi fora acirrada, mas teve sucesso. Adentrou o veículo e ditou o endereço ao motorista. Os olhos castanho-escuros vislumbravam cada canto da cidade natal, estava exatamente como há cinco anos atrás quando fora embora dali para estudar música no Canadá.

Um sorriso discreto se formou nos lábios quando finalmente chegou ao bairro onde residia, as casas de classe média possuíam — pelo menos algumas — um ar aconchegante. E não era diferente da sua, embora exteriormente tivesse toda uma atmosfera acolhedora, seu interior não dizia o mesmo, muito menos seus residentes. O pai como sempre, vivia trancafiado no escritório ou na empresa de jogos que era consideravelmente conhecida nas Filipinas. Sua mãe havia ido embora quando Alex ainda tinha seis anos de idade, o que obrigou sua irmã — que na época tinha quatorze — a assumir o papel de mãe e pai ao mesmo tempo. O amadurecimento precoce transformou-o em um homem forte, mas também cheio de cicatrizes e uma mágoa que o consumia dia após dia.

O veículo parou em frente à casa a qual o rapaz de cabelos negros havia apontado. Naquele momento uma chuva de lembranças o bombardeou e fez o coração em seu peito se apertar. Vivera momentos realmente felizes ali, mesmo diante de todas as circunstâncias que tivera de enfrentar. Entretanto, não teria sido assim se não tivesse conhecido Klaus, o garoto diferentão que se mudara para a casa ao lado junto com sua mãe: uma senhora simpática de sorriso largo e olhar caloroso. Ele apertou a alça da mala ao fitar a casa agora aparentemente abandonada. A grama estava alta demais e seca, as pequenas arvores sem podar, e as flores... Ah, aquele canteiro de flores, nunca se esqueceria do local mais belo daquele jardim, no entanto o que seus orbes esverdeados viam agora, era apenas folhas e troncos secos. Ele se perguntava o que mais havia morrido depois daquele dia fatídico.

— Vai ficar parado aí ou vai vim me dar um abraço? — disse a voz feminina que ecoara vindo da varanda. Alex sorriu largo ao avistar a irmã mais velha com as mãos na cintura em sua pose mandona de sempre. Ele não demorou até passar pelo pequeno portão branco de ferro e abraça-la.

— Senti sua falta — murmurou entre o aperto mutuo.

— Também senti a sua. Veja só com está magro. — O afastou do abraço para que pudesse medi-lo melhor. — O que estavam te dando pra comer no Canadá?

Ele riu.

— E você continua a mesma preocupada de sempre. Eu não estou magro, apenas cresci mais um pouco — justificou.

Lily apenas sorriu e arrastou o irmão para dentro de casa. É claro que não demorou até entupi-lo de comida até que ela estivesse satisfeita, ainda não havia engolido a história do “apenas cresci mais um pouco”. As mãos onde delicados dedos se destacavam, mantinham estes entrelaçados servindo de apoio ao queixo. A moça de longos cabelos ondulados mirava o irmão como se quisesse questioná-lo algo, no entanto, lá no fundo sentia que não devia. Mas como sempre a língua ferina era incontrolável.

— Né, Alê, você tem falado com ele nesse tempo que esteve no Canadá? — apertou as mãos quando o caçula parou o trajeto do garfo até a boca.

Ele pareceu ponderar antes de responder, mas como um vento árido, uma única palavra se desprendeu:

— Não.

A mais velha entreabriu os lábios e a surpresa subiu até os olhos castanhos — herança de sua mãe —, não estava acreditando no que havia acabado de escutar. Engoliu em seco e suspirou, queria ter uma chinela ao alcance para que pudesse presentear o outro com uma tatuagem vermelha na testa.

— Foram cinco anos, Alex, cinco anos. Não foram cinco dias e nem cinco meses.

O som do talher se chocando contra a louça ecoou pela sala quando o moreno largou o garfo como se pedisse uma pausa.

— Não quero falar sobre isso com você — esquivou-se.

— Ele era seu amigo e, a mãe dele foi como nossa mãe desde o dia em que se mudaram para a casa ao lado. Ela se foi, ela morreu e não me lembro de tê-lo visto no funeral, muito menos no hospital. O Klaus ainda sofre como no dia em aquilo aconteceu.

— Já chega, Lily.

— Tá, não digo mais nada — disse por fim dando de ombros. Tão rápido quanto levantou-se da cadeira, retirou-se da sala de jantar.

Alex esfregou as mãos no rosto deslizando até os cabelos. Decidiu então retirar-se também. Precisava de um bom banho quente e uma dose de sono para relaxar e descansar devidamente da viajem.

[...]

A manhã começara morna com um sol tímido brilhando no céu azul. Havia dormido todo o dia anterior assim como a noite. Acordou às 6 da manhã decidido a fazer uma corrida matinal pelo condomínio como sempre fazia antes de se mudar. Passou em frente a todas as casas de antes — nostálgico. Se lembrava de cada canto e ainda estava admirado por nada ter mudado. Apertou o passo quando o trajeto chegava ao fim. O suor escorria da testa e pescoço fazendo com que a camisa de tecido fino colasse ao corpo. A respiração pesada, tensão muscular, adrenalina, coração disparado. Gostava do misto de sensações que uma boa corrida lhe proporcionava.

Parou o cronômetro quando chegou ao destino final. Apoiou as mãos nos joelhos por um instante a fim de recuperar o fôlego. Ergueu a cabeça e olhou para o lado, estava exatamente em frente à casa de sua infância, a casa que agora jazia morta assim como sua antiga dona. Alex não controlou a vontade, ou melhor, necessidade de entrar ali. E assim o fez. O rangido doloroso do pequeno portão outrora branco mas que agora não passava de um amontoado de ferrugem, alertou sobre sua invasão. Ele limpou as mãos no short e caminhou pelos ladrilhos sem cor. Cessou o trajeto quando chegou onde antes era o canteiro de flores. Ele se agachou para observar aquele espaço completamente seco, onde apenas flores mortas jaziam. Por um momento os olhos arderam denunciando um choro. O aperto no peito chegava a ser sufocante a ponto de atrapalhar a respiração. Mas ele trincou o maxilar e aguentou. Soltou o ar lentamente e se levantou dali decidido.

— Lily! — chamou a irmã assim que entrou em casa.

— O que foi agora, qual o motivo da gritaria? — questionou quando pontou na porta da cozinha. — Está todo suado, vá tomar um banho, não quero a casa empesteada com cheiro de suor. — Contorceu o rosto.

— Eu preciso que você vá comigo na loja de conveniência.

— Posso saber o que vai fazer em uma loja de conveniência?

— Aquele jardim é a única memória dela que nós temos, você se lembra? Se lembra o quanto ela o amava? Sempre que íamos lá ela nos colocava para ajudar a preparar a terra para as plantas, e quando terminávamos sempre tinha aquele café com cookies que só ela sabia fazer. — As palavras se soltavam como uma cascata, embora a dor irradiasse em seu interior, ele não deixaria que ela transparecesse, não deixaria que se tornasse palpável.

A moça sorriu enquanto secava a lágrima que escaparam dos olhos.

— Eu me lembro, me lembro como se tivesse sido ontem — respondeu. — Às vezes me sinto culpada por ter visto o jardim morrer aos poucos e não fazer nada, mas nunca é tarde pra consertar as coisas, não é mesmo? — Sorriu. — Vamos já comprar o que você precisa! — disse largando a colher sobre a mesa.

Não demorou até estarem descarregando todos os materiais que haviam comprado: pás, rolos de grama, mudas de plantas e rosas, ferramentas para plantio e sementes.

— Vai dar um trabalhão — disse ela secando o suor da testa. — Além do mais, isso não é invasão de propriedade? — questionou olhando o irmão pelo conto do olho.

— Não iriam nos prender por estar reformando um jardim, iriam? Além do mais, Klaus e os irmãos são nossos amigos de infância, somos praticamente parte da família.

— Ah, agora eles são seus amigos de infância? Não foi o que pareceu ontem no almoço — cutucou.

— Não começa. Vamos colocar as coisas pra dentro e começar a adiantar o trabalho — disse ignorando o comentário anterior da irmã.

— Vai colocando pra dentro, eu vou em casa trocar de roupa e volto.

— Volta rápido, não tente me enganar e sumir depois

Lily riu.

— Não farei isso. — A morena deu as costas correu para casa deixando Alex separando os materiais que iria utilizar.

Talvez começar retirando toda a grama seca fosse o mais viável, pensou. Estava pronto para começar quando o susto fez com que ele sobressaltasse e deixasse cair ao chão tudo o que estava nas mãos, o choque fora tão grande que a voz congelou na garganta, o coração falhou uma batida e a boca secou. As pernas? Estas nem se fala, as forças aos poucos se esvaiam, estava prestes a cair sobre os joelhos quando a voz grave do homem adentrou seus ouvidos.

— O que pensa que está fazendo? — questionou no portão. — Não sabe que invasão de propriedade é crime? — a rispidez carregava o tom. Os olhos inexpressivos por trás das mechas que cobriam parte do rosto. Aquele era o mesmo Klaus de cinco anos atrás?

Alex buscou sua consciência e se recompôs.

— Klaus, sou eu, não está me reconhecendo?

— Eu sei quem é você.

Gelo parecia correr em suas veias. O invasor franziu o cenho e quando fez menção de questioná-lo sobre o porquê de estar sendo tratado daquela forma, os acontecimentos de anos atrás surgiam como um soco no estômago. O outro tinha todo o direito de não querer olhá-lo na cara, tinha todo o direito de odiá-lo e ele tinha a obrigação de suportar tudo, afinal, ele quem foi embora, ele foi quem o deixou para trás no momento mais duro de sua vida. Um misto de sensações indecifráveis inundava seu interior: arrependimento, culpa, tristeza, felicidade. Mas tudo o que queria era se jogar nos braços do mais alto e se perder ali, como fazia quando mais novo.

Klaus sempre fora para Alex como um porto seguro, o seu porto seguro. Era para ele que o rapaz de lábios carnudos e pele clara corria sempre que discutia com o pai sobre seu futuro, este que por sua vez tentou de todas as formas fazer com que ele cursasse Administração de empresas para que pudesse assumir os negócios da “família”. Foi Klaus quem ofereceu-lhe um ombro amigo, fora ele também quem o incentivou a correr atrás dos sonhos mesmo que isso significasse contrariar o senhor seu pai. Suas lágrimas mais amargas foram amparadas sobre o ombro do vizinho esquisitão que se tornara em segredo, mais que um amigo para si. Mas onde Alex estava quando seu porto seguro precisou de um porto seguro? O questionamento martelava em sua cabeça agora que o encarava de frente.

— Nós só queremos reformar o jardim — respondeu tentando soar o mais casual possível. Sempre fora especialista em esconder os sentimentos do outro.

— Não pedi para que reformassem nada — rebateu com dureza. — Irá morrer novamente porque ninguém vai cuidar, e eu não quero ter que assistir isso uma segunda vez.

— Quanto a isso não se preocupe, agora que voltei para casa, poderei cuidar eu mesmo para que ele continue sempre verde e florido, como nossa mãe gostava. — Alex só se deu conta das palavras após ter proferido. Catou os materiais do chão e encarou Klaus que ainda se mantinha de guarda no portão.

Embora não demonstrasse e escondesse toda a surpresa por trás da máscara, se perguntava o que diabos estava acontecendo. Por que o Alex estava parado na porta de sua casa? Era realmente ele? Por que agora depois de tantos anos? E por que lhe falava como se nada tivesse acontecido?

— Faça o que quiser. — Por fim ele cedeu e deu passagem para que o mais baixo entrasse, mas não ficaria ali para o olhar na cara. Retirou-se do local e voltou de onde havia saído.

— Depois de uma semana, ele finalmente saiu de casa — disse Lily chamando a atenção do irmão que a olhou.

— Como assim depois de uma semana? — indagou com cenho franzido.

— Sério que você não viu o estado em que ele estava? Piorou ainda mais depois que... Depois que você foi estudar no Canadá. Eu posso contar as vezes que o vi saindo de casa, a maioria para ir à loja de conveniência. Sempre que eu o via, tentava convencê-lo a ir jantar lá em casa ou almoçar, mas ele é e sempre foi irredutível.

As palavras da moça atingiram-no em cheio. Nunca imaginou o que pudesse estar acontecendo com Klaus nesse tempo em que esteve fora. Nunca passou por sua cabeça que ele estivesse na situação descrita por sua irmã. Apertou os punhos com força, se sentia mais culpado do que nunca.

— A culpa é minha — murmurou.

— Não, a culpa não é sua, foi escolha dele se privar, Alê, não foi você quem o obrigou.

— Mesmo assim, eu fui um grande filho da puta, fui embora quando ele mais precisou de mim, não mandei um e-mail, não liguei, simplesmente sumi, Lily, enquanto ele estava aqui morrendo aos poucos. — O peso das próprias palavras perfurava-o como adagas afiadas.

— Finalmente está reconhecendo seu erro, já é um começo — a moça sorriu batendo no ombro do outro. — Agora vamos logo com isso para que possamos terminar ao menos metade hoje.

[...]

Já era o terceiro dia em que trabalhava no jardim, desta vez sozinho, o rapaz terminava de colocar as mudas de rosa no canteiro outrora morto. As mãos em contato com a terra fofa, lhe proporcionava uma sensação de nostalgia e um fio de alegria aquecia o coração, agora que o jardim estava completamente inundado por verde e vida. Ele sorriu satisfeito colocando as mãos na cintura vislumbrando o cenário. Após todo o serviço findado, caminhou até os fundos da casa — que também havia sido reformado — e lavou as mãos e o rosto antes de voltar para casa, não queria ter uma Lily furiosa consigo por entrar suado e sujo em casa. Estava pronto para ir embora quando ouviu a voz dele o chamar:

— Não quer entrar um pouco?

O sangue pareceu congelar nas veias, o moreno virou-se ainda estagnado com o ato inesperado. Por um instante o semblante suavizou ao perceber que não estava olhando para o mesmo Klaus de três dias atrás, mas, para um “quase” Klaus de cinco anos atrás: moleque travesso em corpo de adulto.

— Claro, não vejo problema — respondeu e não demorou a acompanha-lo.

O ambiente estava exatamente igual, os móveis no mesmo lugar, o papel de parede, o aquário vazio do falecido peixe dourado que o amigo nunca permitiu que sua mãe jogasse fora. Até mesmo os quadros e porta-retratos estavam exatamente nos mesmos lugares. Os olhos pararam no pequeno centro da sala onde duas xícaras de chá estavam dispostas junto a um prato com alguns cookies. O rapaz de olhos cor-de-mel e cabelos castanhos sentou no outro sofá recusando-se a encarar o moreno. Naquele momento não houve mais espaço para reprimir os sentimentos, não havia mais escapatória, havia sido pego e estava a mercê. Alex sentiu o coração se apertar gradativamente no peito, ao passo em que o estômago se revirava. Os olhos ardiam denunciando um choro incapaz de ser contido, não mais.

— Klaus, eu...

— Você foi embora quando eu mais precisei de você, e ainda me deve uma explicação, porque eu não consigo entender o porquê — iniciou apoiando os antebraços nos joelhos.

— Eu também sofri, sofri tanto quanto você, mas sempre fui orgulhoso demais para assumir o quão fraco eu sou, e o quanto tudo o que houve me machucou, e foi esse orgulho, que me fez ir embora.

— Nem um e-mail, nem uma ligação. Você em algum momento, ao menos pensou se eu ainda estava vivo? Porque eu pensava isso o tempo inteiro, Alex, o tempo inteiro. — O riso anasalado foi curto.

— Eu te conheço, sei que deve ter pensado isso.

— Não, você não me conhece, pois se conhecesse saberia como eu ficaria depois de você ter ido embora — atacou.

— Foi melhor assim, Klaus — justificou contendo a voz que aos poucos ficava embargada

— Melhor pra quem? Pra você? — arqueou uma sobrancelha carregando as perguntas de sarcasmo.

— Eu não iria suportar ver você no estado em que estava, por isso não fui ao funeral da sua mãe, por isso sempre ia ao hospital quando você vinha pra casa fazer suas refeições e voltar novamente, por isso não me julgue como se eu fosse o monstro da história, porque não é bem assim — se defendeu observando o sorriso de desdém enfeitando os lábios do castanho que continuava sentado na mesma posição.

— Você parou pra pensar por um segundo, que talvez com você ao meu lado, as coisas tivessem sido um pouco mais fáceis? Não acha que talvez tivesse doído menos se a pessoa que eu amo, estivesse ao meu lado enquanto tentava não enlouquecer?

A pessoa que ama? O moreno juntou as sobrancelhas em visível confusão.

— O que quer dizer com isso? — inquiriu.

Klaus riu.

— Você sempre foi lento pra perceber as coisas, eu te amo desde o dia em que você me deu aquele aquário com o peixinho dourado, por que acha que nunca deixei minha mãe jogá-lo fora mesmo depois que o bicho morreu? — disse fitando o outro agora diretamente e então se levantou com um suspiro pesado. Pôde perceber os olhos esbugalhados e marejados do mais baixo. Não pensou duas vezes para puxá-lo para um abraço apertado.

Foi nesse momento que todas as estruturas de Alex foram abaixo. Toda pose de “forte” que ele havia construído para esconder quem realmente era, estava completamente destruída. Os soluços tomavam todo o cômodo acompanhados por pedidos de desculpa sussurrados.

— Me desculpa, eu fui um idiota. — As mãos apertavam a camiseta daquele cujo perfume confundia seus sentidos, a ponto de amarrotar. O rosto escondido no meio daquele abraço enquanto sentia as mãos do homem que amava lhe acariciar as costas como se dissesse “agora está tudo bem”.

— Que bom que você está aqui — murmurou o apertando. — Da próxima vez que for, me leve com você.

Naquele dia Alex aproveitou o aconchego do lugar que realmente, verdadeiramente, poderia chamar de lar: Klaus.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Até a próxima o/

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