Da carne, a pele e sangue,
Das vísceras, as veias e pâncreas,
Da cabeça, aos ossos e os pés,
Do corte lacerado e o sangue que escorre.
Vire pro lado não deixe os resquícios de golfo afogar os seus pulmões.
Mantenha-se o objeto de aflição,
Prenda o plangor em seu âmago.
Ninguém está aqui por que quer ouvi-lo!
Se estiverem é para apreciar toda a carnificina,
Como os sádicos urubus que são.
Então se exiba á display ou guarde suas lamentações.
Você pode ouvir? As palmas ecoando?
A grande peça que a vida é,
A grande peça que vivemos!
O circo de horrores em senados e televisões.
A hipocrisia dos crentes com suas palavras fáceis e seus atos opostos.
A crueldade presente naqueles aclamados como o futuro da nação.
Na falha sistemática do sistema de saúde publica.
Do favelado sem apoio que termina com a cruz sobre o corpo,
a arma sobre a cabeça ou as algemas em seus pulsos.
Da ignorância causada pela falta de vontade
do governo de criar seres pensantes.
Então segure, engula, levante!
Sorria para a platéia e aceite as palmas.
Vá viver mais um dia, entre os corpos vazios e exaustos.
Pois se desistes tão fácil então por que viveste até aqui?
Ao menos espere até o fim do primeiro ato...