Descontraído corria eu para mais um dia de rotina, na floricultura...

Você linda namorava um buquê de rosas, com amor a moça a ti o entregou,

Sorrimos um para outro sem perceber que nos envolvíamos no olhar,

Não tínhamos tempo, coração palpitava no peito apaixonado,

Lado a lado, mãos entrelaçadas, lábios emudecidos,

Beijo apaixonado, lua enfeitiçava nossa primeira noite,

Nem ao menos sabíamos quem éramos e como bobos...

Riamos achando graça em tudo...

No passar do tempo jamais nos entediamos em repetir...

Eu te amo e com beijos apaixonados selámos jurando verdade.

Amigos, companheiros, parceiros, meu eterno amor,

Quatro estações, tudo era mais que perfeito,

No entanto nada é perfeito, menos ainda eterno.

Fim de tarde, por do sol, nuvem negra paira ofuscando a magia,

Olhar apaixonado procurava você; no nosso quarto, porta entreaberta...

No chão, malas mal fechada, como louca atropelou, como faca dilacerou;

Por detrás da vidraça de olhos marejados eu te vi partir...

Não olhaste para trás, nem ao menos acenaste,

Cama desarrumada, doce cheiro do suor dos nossos corpos,

Travesseiros entrelaçados narravam últimos momentos felizes da manhã...

Visão turbada admitia de que além das lembranças nada deixaste para trás,

Coração atassalhado, olhar emaranhado, grito debelado, lágrimas encarceradas;

Azoinado de um lado ao outro peregrinava perguntando por quê.

Na sala giro da chave, no click abriu a porta chamando minha atenção,

Malas no chão, sinal de que não foram desfeitas.

Olhou-me nos olhos e disse:

- Perdoo-te se jurar-me que jamais me trairá...

Atontado te cobrei no olhar, no teu rosto exibido sorriso maroto, falou:

- Cafajeste batom no colarinho!

Abrandado afirmei:

Cedo te preparavas para ir à festa de tua irmã,

Atrasado saia para o trabalho, de longe joguei beijinho,

Reclamaste, voltei e nos beijamos apaixonados,

Riu do meu rosto borrado por teu batom,

Rindo encostastes teus lábios no meu colarinho,

Volto, encontro-te de malas prontas, um andrajo sem nada entender.

Sorriste feliz:

- Verdade, depois da festa colocava roupa pra lavar, voltei aos prantos,

- Minha irmã olhou-me e disse:

“- Porque não acredito que ele tenha feito algo errado?”,

- Mostrei colarinho borrado por batom. Ela sorriu:

“- Alguém esbarrou acidental; não foi um beijo”,

- Lembrei-me, sorri envergonhada, ela deduziu; “- Não Acredito”,

- Apanhei malas, aqui de volta estou, Perdoa-me...

Queria correr, abraçar-te, mas não devias ser fácil, respondi,

Minutos que pareceram anos, coração sangrou,

Gosto de fel rasgou garganta e me fez sentir o inferno sem você,

Juntava pedacinhos me perguntado por quê?

Frágil descobri que do nada você se esvairá de minha vida,

Tudo que restará a mim, o amargo do fel, uma lágrima doida a sangrar...

no olhar malévolo dizia “experimenta”, com convicção falou,

Jamais, mesmo que veja uma mulher amarrada ao teu pescoço...

Pelos braços dela e laçada na cintura por teus braços; juro...

Respirarei três vezes e a ti perguntarei:

Tu ainda me amas?

Feliz corria em tua direção sufocando-a em meus braços, no olhar,

Implorava a ti, “jamais sonhes fugir de mim”, ferino respondi;

Certeza de que essa mulher será você, ou...,

Dei-lhe tempo para degustar o gosto amargo do fel;

Frangeste a testa, no olhar lágrima impetrava “pega leve”,

Completei com a verdade,

Nossa filha na formatura da faculdade...

Tristeza por felicidade dengosa sorriu,

- Melhor assim, vou arrumar a cama e prep... Depois..., ou amanhãaa...

Autor:Lourenço Rosa