Em um momento minha vida perdeu o sentindo,
Tudo estava perdido, respeito próprio, força pra lutar, razão de viver,
No rosto das pessoas a mesma expressão negativa, acusadora:
“Não, eu não tenho nada com isso, você foi o culpado”...
Culpado por ter feito e dado o meu melhor a todos a minha volta...
Culpado por ter amado com todas as minhas forças...
Culpado por ter sonhado que sonhos são eternos...
Não, eu era culpado por não me olhar no espelho,
Culpado por não ter forças para dar a volta por cima,
Culpado por culpar todos a minha volta buscando remissão,
Culpado por não ver as lágrimas nos olhos das pessoas,
Culpado por não ver as mãos a implorar para que as segurasses...
Culpado por ser inocente... Quando tudo dependia de mim,
Cego, odiando o mundo, condenando a todos por minha culpa...
Andei até a cozinha, escolhi a melhor ferramenta cortante...
Andei em direção ao banheiro, tirei a camisa, abri o peito...
Escolhi o ponto crucial, segurei firme em minhas mãos no alto...
Olhei no espelho meu rosto pela ultima vez...
Por um instante mantive as mãos no alto com a certeza do que iria fazer,
Sorri irônico para voz dentro mim a me questionar...
Tem certeza, é mesmo o fim, nem uma razão para continuar?
Certeza que é o melhor caminho, o único e o ultimo caminho a seguir?
Abaixei minhas mãos, coloquei a ferramenta sobre a pia, lavei o rosto...
Sorri para mim no espelho e disse: “Talvez não”...
Talvez seja mais fácil ser fraco e colocar ponto final no vazio...
O celular tocou interrompendo, rosto conhecido, querido, amado...
Voz ferida nas lágrimas de sangue vomitara por segundos e se foi...
Vomitara tudo que precisava ouvir e não queria escutar...
Distante, no som doce da voz, exigiu que a fosse encontrar...
Tomado pelo pavor das duras e frias palavras na nua e crua verdade...
No espelho, encruzilhada mostrava-me dois caminhos...
Ponto final, seguir em frente com o vazio a me consumir...
Abri a porta da saída, levantei a cabeça, sorri desanimado...
Ordenei meus pés seguirem em frente...
Na estação dois lindos sorrisos correndo em minha direção...
No peito alivio de o sangue estancar cicatrizando as chagas...
Por Deus, eu não sabia que tivesse milhões de motivos para continuar.