Imagino
Grazzi
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 11/01/16 20:15
Editado: 11/01/16 20:17
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 4min a 6min
Apreciadores: 9
Comentários: 7
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Usuários que Visualizaram: 20
Palavras: 729
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Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Primeira cisa que posto aqui <3 ai que emoção.

Esse foi um texto que eu fiz por causa de uma antiga personagem minha, ela não era cega, mas se chamava Jasmine, no final eu gostei tanto dela que eu resolvi fazer uma história e botar o nome da principal como Jasmine, mas esse conto mexeu tanto comigo que ele literalmente me fez rever o meu próprio mundo.

Eu não sei mais o que dizer aqui, mas né, espero que gostem! <3

Capítulo Único Imagino

— Ei. — A garota e o amigo estavam sentados na escadaria do pátio da escola, os óculos escuros ficavam apoiados no nariz da menina. Ele responde com um simples “O quê?”. — Me fale sobre você.

— O que você não sabe sobre mim?

Os dois se conheciam há um tempo, desde um pouco antes do fundamental, além de serem vizinhos e os pais grandes amigos. — Bom, gosto de quadrinhos, jogos eletrônicos e passar meus domingos assistindo ao futebol enquanto almoço tarde.

O garoto pode ver a amiga franzir o cenho por detrás dos grandes óculos. — Não é esse o tipo de “contar sobre você” que eu quis dizer! Tudo que você falou eu sei! — Ela jogou a cabeça para trás e apoiou os cotovelos no degrau de cimento. — Quando foi a última vez que te fiz essa pergunta? No final da quinta série? Sei que é mais alto que eu porque quando eu vou tocar no seu ombro tenho que levantar bastante a mão. E que suas mãos são largas, já que quando você toca nas minhas costas ou me desvia de algum lugar eu sinto. E você é meio magrelo, o pessoal da sala diz que seu corpo não condiz com a força.

Ela fez uma pausa para ele compreender tudo e processar as informações. — Também te imagino bonito, muito bonito, tanto que várias garotas gostam de você.

Ele ficou um tanto envergonhado com a última frase, não gostava de tocar naquele assunto. Pensativo, olhou para o chão e suspirou, tentando achar as palavras certas. — Meu cabelo é marrom claro, mas acho que tá mais pra caramelo, meus olhos são castanhos bem escuros, e dizem que se você olhar de um jeito eles ficam negros...

— Uma vez você disse que cortou o cabelo bem curtinho porque sua mãe mando e preferia ele grande, como está agora?— O sorriso era um bocado inocente, tanto que nem parecia estar no ensino médio.

— Isso já faz um tempo.... Minha mãe disse que ele parecia um ninho de passarinho. Agora ele está até que grande de novo, passando um pouco da minha orelha, mas não parece porque ele é todo bagunçado. Daqui a pouco minha mãe me manda pro barbeiro. — Ele riu fraco, se não fosse sua melhor amiga nunca falaria essas coisas.

Os gritos dos alunos do fundamental incomodavam-nos, queriam sair dali, mas tinham combinado com o resto dos amigos para se encontrarem ali. Faltava quanto tempo para eles terminarem a prova?

Ela sorriu triste.

— Sabe, às vezes gosto de olhar para o céu, mesmo não tendo noção exata de lugar, horário ou clima... — o sorriso ficou com um ar de melancolia. Ficou um tempo calada antes de terminar a frase para achar as palavras certas, mas não conseguiu, era difícil pensar com tanta gritaria. Poderia falar depois da aula.

Depois que ela ficasse a aula inteira devaneando sobre o que deveria falar a ele.

— O que queria dizer àquela hora, Jasmine? — Ele guiava ela pelas ruas.

A garota comprimiu os lábios.

— Eu gosto de olhar para o céu e ver as estrelas imaginárias. Elas formam os rostos imaginários de você e dos outros, que estão perto da lua minguante e imaginária que você desenhou nas minhas costas, onde se encontram em uma paisagem imaginária.

Daqui a pouco a conversa acabaria, só mais alguns passos, já entraram no condomínio deles, as casas eram umas das últimas. Jasmine não queria chegar em casa, isso significaria que a conversa iria acabar e precisava falar isso.

— Gosto de imaginar as cores, também. Como seria o verde, vermelho, amarelo e azul. Mas nessas imaginações que tenho é só preto sobre preto.

Iria falar algo, embora não soubesse o que dizer.

Ele parou e deu um toque nas costas de Jasmine, ela tirou os óculos e limpou as lentes na camisa do uniforme. Era o ritual dos dois, ele tocaria nas costas dela para avisar que estava na porta da casa, ela tiraria e limparia os óculos. “Quem sabe, por um milagre, eu te veja depois que os tirar. Ou então eu só não enxergo porque estão sujos demais.” Falaria nas primeiras vezes.

— Eu quero saber, — recolocou-os no lugar e seguiu o caminho feito a ela para entrar na casa. — como você me vê?

E deixou a pergunta no ar.

— Como eu vejo a Jasmine? — Perguntou-se quando ela saiu de vista.

Ela não havia perguntado como ela era.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Espero que tenham gostado tando quanto eu gostei de escrever!

Apreciadores (9)
Comentários (7)
Postado 11/01/16 21:08

Já comentei no Spirit mas só vim aqui dizer que... Esse texto é muito bom <3

Adorei a personagem :)

Postado 11/01/16 21:11

AAAH, muito obrigada <3 Essa foi uma das personagens que eu mais gostei criar, haha.

E adoro ouvir que você gostou. <3

Postado 12/01/16 00:33

Que puro :')

Parece um shoujo daqueles bem romanticos. Adorei! ^^

Postado 12/01/16 00:36 Editado 12/01/16 00:37

Muito obrigadaaa. <3

E pior que é, parece aquelas coisas românticas que dá diabetes de tão doce. soqn

Postado 12/01/16 01:02

Essa diabete é do bem <3

Postado 12/01/16 06:53 Editado 12/01/16 06:59

Oh, que lindo! <3 Adorei o clímax, gostei do modo como você apresentou a personagem e a vida e visão dela tão 'incomum'. Gostei muito. E, até me senti mal por entender perfeitamente do que ela fala no começo do texto. (Não consigo dizer mais que isso agora.) Apreciei o seu texto! Parabéns!

Postado 13/01/16 02:39

Olha, eu não acho que a vida dela seja incomum, acho que até srja comum, mas esse tipo de pessoas e pensamentos são escondidos por outros, piores ou melhores.

Muito obrigada por apreciar o texto e comentar o que achou! É ótimo ouvir o que as pessoas têm q dizer!

Postado 05/03/16 00:05

pelo menos pra mim, foi uma linda reflexão. saber que nossos sentidos são aguçados pela falta de algum e que isso nos faz mais sensíveis. gostei mto.

Postado 07/03/16 20:43

AAAH, que maravilhoso que você gostou! Simplesmente ser sensível a tal ponto já é algo tocante, pelo menos para mim. Obrigada por ter lido *u*

Postado 27/06/16 09:40 Editado 27/06/16 22:24

Achei lindo, apesar do final não me agradar por não parece ter uma conclusão de raciocínio, tipo os livros do bukowski, ele sempre termina de uma forma que me deixa puto pra saber o minuto seguinte.

Postado 27/01/17 02:33

A maioria dos meus contos são assim: não descrevo personagens, vejo mais o interior, deixo tudo para o leitor ver e sempre termino de um jeito não terminado!

Postado 08/02/17 22:51

Me desmontou todinha esse seu texto lindo *-----* que reflexão....

Postado 16/10/22 10:59

Aaahhh que fofura!!

Adorei ler * -- *

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