Eu estava sentado novamente naquele parque onde, muitos anos antes, encontrei você.
Me lembro como se fosse hoje: você parecia triste, ferida, incerta pelo amanhã. Eu já vivi isso. Era terrível e não desejava a ninguém.
Então fui até você. A cena pareceu um pouco estranha: ergui teu rosto delicadamente, sequei tuas lagrimas com um velho lenço e disse: não chores.
Você me olhou surpresa. Não entendeu como um completo desconhecido pedia para que não chorasse.
Eu te disse suavemente: a vida é assim mesmo. Cheia de dor e decepções. Também já passei por isso. Olhe a sua volta!
Mostrei-lhe os passaros a cantar, as flores que nasciam e ate mesmo as folhas no chão. Você ficou curiosa.
Eu lhe disse: assim como a natureza, estamos em constante mudança e renovação. Deixe eu lhe ensinar.
Nossa amizade, eu me lembro, partiu daí. Daquele parque e daquele dia. Eu iria te fazer enxergar um novo mundo, um mais feliz e que pudesse viver.
Meus sentimentos e estima por você só cresciam. A cada lição dada, a cada conversa agradável. Mas eu já estava velho. Seria errado ir alem daquilo.
Mesmo assim me arrisquei. E como a vida me mostrou sempre que nada e como desejamos, você não podia.
Como lembrança daquele sentimento forte, roubei-lhe um beijo. Você ficou vermelha.
Nao sabia se estava com raiva ou vergonha, mas eu ganhara o dia. E, caminhando para longe, no meu local preferido, a convidei a se sentar.
E disse suavemente em seus ouvidos que nada no mundo iria mais te machucar.
Lá estava eu, um completo desconhecido, fazendo promessas que nunca soube se conseguiria cumprir.
Mas o que realmente importava... era sua presença ali.