O amanhã foi há mil anos. O amanhã foi ontem e é hoje. As responsabilidades se acumulam na mesa. Eu sou fraco e não consigo me mover até eles. “Tenho que seguir em frente”, penso, mas o peso que sinto em meu peito é maior do que eu aguento e não consigo me levantar.
A obrigação aumenta e então me sufoca. Me vejo obrigado a conseguir. O tempo passa rápido e todos a minha volta correm. Eu não consigo sair do lugar. Tudo parece esmagador e me impedir, o abraço álgido me rodeia e aperta. O ar se vai e, antes que eu me dê conta, eu desisto.
Me enrolo nas incertezas e a passos longos volto para casa. No escuro do meu quarto, entrego-me à cama, onde me permito afundar. Estou cansado não sei do quê. “Terá que ficar para amanhã”, respondo a minha mãe que tinha me perguntado o porquê eu ainda não assumi minhas responsabilidades.
Com os olhos lacrimejantes, eu percebo: hoje já é o amanhã e, novamente, não fiz nada.