faz muito tempo que não
me conecto com a arte.
faz muito tempo que não me conecto
comigo.
abandonei as aranhas de marte,
coloquei as tintas de castigo.
guardei as folhas todas em branco
que me olham e refletem tudo
o que há dentro de meu corpo, vazio;
acredito que elas me entendem
pois minhas pinturas são um reflexo de mim.
a incapacidade de tocar
a minha própria alma
danificou minha carne,
tirou o ar dos meus pulmões
e faz meu coração reclamar,
clamar por um pouco de liberdade.
e eu vejo a vida passar tão longe
mineiro até diria que é "logo ali".
triste a vida de quem pouco sorri,
que vê tudo e se esconde.
que guarda no peito a vontade
do mundo.
a utopia de sua cabeça
e não há nada a fazer
para que esqueça.
de que adianta sonhar
uma vida que não se pode dar
aos que estão destinados a sofrer?