Perdi a conta de quantas vezes
A lâmina ensanguentou os meus pulsos,
Como se existissem diversos prazeres
Em cortar fiapos mortos.
Nunca me encontrei em canções,
Pois pulsava em mim mil corações
Incapazes de serem descritos
Por seus eternos conflitos.
Eu quis chorar
Quando vi meu espírito fracassar
Em se entregar para as trevas
Que foram apagadas como se fossem velas.
Eu pulei para a morte
De muitos jeitos diferentes:
Amando, escrevendo
Ansiando e vivendo.
Quis calar essa dor
Que sempre fez-me sentir horror
De cada pequeno detalhe
Deste corpo que não me cabe.
Sussurrei a verdade
Em todos os sorrisos de felicidade,
Mas vocês só perceberam
Quando quase me perderam.
Eu precisaria morrer de quantas formas
Para que vocês batessem em minha porta
Perguntando se existia alguma maneira
De mandar essa dor embora?
Jamais encarei meu reflexo,
Pois ele me mostrava
O quanto eu me odiava
Sem nenhuma explicação com nexo.
Eu gostaria de ser maior do que minha aflição,
Mas existia um monstro chamado Depressão
Que triturava o meu cansado coração
E me obrigava a dançar com a solidão.
Sempre quis ser a melodia mais doce,
Mas acabei sendo a mais triste,
Pois minhas lágrimas caíam como alpiste
De meus olhos cheios de bipolaridade e piche.
Sempre fui a dor silenciosa
Que andava de cabeça baixa
Nos corredores da escola
Com os cortes por baixo da blusa.
Sempre estive imersa
Nessa escuridão interna
Que silenciosamente me matou;
Que mortalmente me trucidou.
Eu sempre sonhei em morrer,
Porque essa dor me fez desaparecer.
Eu sempre sangrei,
Porque nunca me amei.