Seus cabelos dançavam conforme o vento. Um pequeno sorriso em seus lábios se fazia presente e a cada vez que você levava a mão aos fios de cabelo soltos na falha tentativa de arrumá-los, meus batimentos cardíacos bagunçavam.
Uma mulher, a mais linda mulher, a minha namorada.
A visão que possuo de você sorrindo nesse dia, foi a que mais me marcou. Um sorriso como tantos outros dados após eu dizer alguma coisa boba de propósito. Foram tantas as vezes que sorriu assim para mim, foram tantas as vezes que nossos corpos dançaram conforme o vento da tarde, foram tantas as vezes que você segurou minha mão e me puxou pela rua, tantas coisas foram feitas tantas vezes. Até aquele dia.
O último beijo, que como tantos outros foi dado de qualquer jeito pois existia um amanhã e nos veríamos de novo. Um último “te vejo depois”, um último “se cuida”. Muitas coisas automáticas, que foram feitas pela última vez.
“Eu gosto de você” foram suas palavras naquele dia depois da escola, duas adolescentes de quatorze anos, que diziam se gostar sem saber nada sobre isso. Um relacionamento que durou sete anos, os sete anos mais felizes da minha vida. “Eu também” uma resposta curta, de uma garota tão envergonhada que mal podia ficar de pé ao escutar a declaração.
Mãos dadas, abraços, beijos, sorrisos, danças, amor. Tudo foi amor, o mais belo e intenso amor que tive. Eu podia não me lembrar com clareza quando você disse “eu te amo” pela ultima vez, mas me senti amada a cada minuto em que estivemos juntas, pois todos os dias de alguma forma você demostrava, fosse brigando, fosse sorrindo, fosse elogiando, fosse com sua expressão de ciúmes, eu me sentia amada. Fico pensando se consegui demostrar o quanto te amava como você fez.
Uma rosa em cima de uma lapide, uma última vez antes de eu partir rumo a novas aventuras, rumo a viver conforme você sempre me pedia para fazer. Um último olhar para trás, dessa vez seu sorriso era apenas uma foto tirada poucos dias antes do acidente, mas eu sorri de volta, uma última vez.
Adeus.