Adeus
6 de Janeiro
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 25/12/20 04:57
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 2min a 3min
Apreciadores: 5
Comentários: 3
Total de Visualizações: 571
Usuários que Visualizaram: 11
Palavras: 391
[Texto Divulgado] ""
Não recomendado para menores de dezoito anos
Notas de Cabeçalho

Agradeço.

Capítulo Único Adeus

Enquanto estava lendo, senti o cheiro de sua pele em minha pele. Talvez eu esteja ficando louca, não te vejo há uns dias e nem pranteei sua ausência, mas às vezes, você aparece como um susto rápido e mecânico em um filme de terror de baixo custo.

Seu rosto se esvai tão facilmente em minha memória e depois vem e depois vai, como uma cortina pendida ao lado de uma janela aberta, gargalhando com as suaves lufadas de vento.

Eu te vi na segunda... Ou terá sido na quarta? Trocamos algumas palavras, sem remorso, sem mais nada.

Eu me imaginava às borbulhas de amor, como diz a música - me imaginava chorosa, afogando, gritando à noite, tentando te reconhecer em outros rostos, lutando para continuar amando você.

Agradeço por ter vivido nossa morte por tanto, tanto tempo, agradeço por ser diferente de minhas tristes fantasias.

Não penso em como você está agora, no que está fazendo, se está com alguém, felizmente me sinto livre por não me importar, por não te ter pairando nos sonhos e só te sentir às vezes no cheiro da minha própria pele.

Pode ter sido minha própria pele, todos esses anos - ao invés da tua.

Posso ter me apaixonado pelos meus próprios traços e aromas, pensando serem seus.

Hoje repasso as piadas que você me contava, é engraçado, eu sei.

Hoje apalpo meus seios, cada centímetro de meu corpo saboroso, eu me lembro quando você me pedia para fazê-lo, para que você visse, no meio daquilo tudo.

Então seus toques em meu corpo, podem ter sido eu. E no final, esse amor, fui eu, portanto se terminamos o que tínhamos de precioso, fui eu, eu não me dei adeus.

Mas agradeço, passarinho, se ainda posso te chamar pelo apelido que te dei em segredo - agradeço por termos confundido nossos toques, aromas e sonhos, agradeço por ter me segurado através de minhas próprias mãos, agradeço pelo seu calor, eu que sempre preferi frio, agradeço pelo amor que te fiz sentir através de mim, agradeço por este grandioso sucesso que fomos, enevoados, furacões, maremotos e a doce calmaria de olharmos um nos olhos do outro, dois imensos mundos que jamais poderiam girar juntos.

Te agradeço por nós sermos e agradeço por não sermos mais.

Eu não voltarei jamais.

E espero que você também não.

Sem nada a sentir,

Eu.

❖❖❖
Notas de Rodapé

E aqui se encerra esta saga, agradeço aos expectadores. Estou bem!

Apreciadores (5)
Comentários (3)
Postado 25/12/20 14:26

Parabéns Senhorita 6 de Janeiro!

Que texto excelente e que real, um término bem resolvido é bem assim mesmo.

Maravilhosa a forma como você dispôs o texto e as palavras nos fazendo realmente compartilhar da vivência do eu poético.

Agraciada pela leitura. Obrigada por compartilhar conosco!

Postado 22/01/21 21:19

Esse texto é tão real, tão verdadeiro, que dói ao ler, dói ao sentir...

Em um término todas as partes saem magoadas... Mas seria tão melhor se igualmente todas as partes conseguissem apesar da dor seguir em frente, tal qual essa narradora...

"agradeço por ter me segurado através de minhas próprias mãos" e "agradeço por nós sermos e agradeço por não sermos mais" foram as frases que mais me tocaram, lá no fundo da minha merda de alma inútil, e eu te agradeço por isso, querida Seis...

Muito obrigada, e um grande abraço <3

Postado 01/02/21 08:48

"Sem nada a sentir,

Eu."

Nunca mais. Por ninguém.

Eis a busca de volta ao início (que ironicamente se converteu em ponto de chegada).

Belíssimo texto, Huldra. Um exemplo de superação e maturidade invejável e absolutamente admirável por parte da protagonista, narrada e descrita com muita competência e emoção, tal qual sempre esperamos de uma autora incrível como a senhorita.

Que permaneça bem e fique ainda melhor mais adiante!

Atenciosamente,

Um ser basicamente figurante de algum filme de terror de baixo custo, Diablair.

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