Um olhar para dentro
Scheffer
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 24/03/21 18:07
Editado: 01/11/21 20:09
Gênero(s): Crítica Reflexivo
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 5min a 6min
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Palavras: 809
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Livre para todos os públicos
Capítulo Único Um olhar para dentro

MEDITAR: Pensar muito sobre, refletir . “A palavra “meditar” surgiu da raiz latina “meditatum”, que quer dizer “ponderar”, mas o significado mais comum que vemos é o que vem também do latim “meditare” e significa “estar em seu centro”, “voltar-se para o centro”” .

Em tempos de pandemia, procurar meios alternativos e desesperados de acalmar o tsunami de pensamentos catastróficos em que a nossa mente faz questão de nos colocar, deixou de ser hobby e passou a ser uma questão de sobrevivência. Manter, ou pelo menos tentar manter, uma mente sã, vem se demonstrando a “ferramenta” mais importante para lidar com o complexo contexto atual.

O único problema é que tenho a impressão que a maioria das pessoas (o grupo no qual me incluo) estaria tentando aprender isso quando o prédio estaria pegando fogo e a única forma de você se “salvar” seria indo para sacada e respirar o ar puro, ou seja, você não sabe se vai se salvar, não sabe se as pessoas mais importantes da sua vida irão se salvar, mas sabe que continuar a viver no incêndio só aumentaria os riscos.

Em outras palavras, isso quer dizer: Ana, você precisa se acalmar! Ficar preocupada e pensando em coronavírus o tempo todo só agravará a situação. Mas, quem nunca percebeu que sua postura se situa em um local muito longe do que sua consciência preconiza? Que os pesos dos seus medos são muito maiores e desproporcionais do que eles realmente são? Por que é tão difícil se manter em equilíbrio quando mais precisamos dele e entendemos que estar bem no momento presente é a forma mais eficaz de dar apoio e também ser o seu próprio apoio?

Bem sabemos que um corpo estressado também é um corpo imunologicamente mais debilitado. E há uma explicação natural para isso: estresse, medo e ameaças são sinais que enviamos ao nosso corpo de que algo não está bem e que precisamos agir. Somos programados para buscar a vida, e o nosso corpo nos prepara, mesmo que involuntariamente, com uma descarga de hormônios, dentre eles adrenalina e cortisol, que nos “preparam” para lutar ou fugir – algo muito útil nos tempos pré-civilisatórios, algo muito incômodo nos dias de hoje, cuja maioria dos problemas conseguiríamos resolver com calma, intelecto e diálogo.

O resultado de tudo isso é que o nosso corpo faz “inteligentes e programadas escolhas”, ou seja, ele prioriza o mecanismo de luta ou fuga e a energia destinada a combater os agentes externos, o sistema imunológico, é deixada de lado (são prioridades, meu caro). Prioridades que quando mal utilizadas por nós mesmos, quando alimentamos os nossos medos continuamente, nos prejudica e nos deixa desprotegidos.

E a minha maior frustração em muitos dos casos, é saber disso e não conseguir controlar isso. Sendo assim eu escrevo, escrevo para tentar organizar a bagunça que meus medos me causam, e escrevo também com o intuito de poder compartilhar um pouco deste conhecimento e das respostas que desenvolvo e que me fazem bem. Quem sabe isso não possa ajudar mais pessoas?

Tá, mas enfim, qual é a resposta para algo que não conseguimos controlar? Em termos técnicos, neuroplasticidade. A nossa capacidade de aprender novas habilidades continuamente, que nos possibilitam a lidar com a diversidade e a intensidade de nossas ameaças “virtuais” contemporâneas. Você está com medo, você não é medo, você está ansioso, você não é ansioso! (discutirei a importância dos termos “ser” e “estar” em nossa vida em outro texto).

Só tem um probleminha. Infelizmente, não temos uma receita para todos. Nossos medos são diferentes, nossa cultura, crenças e formas que encontramos para lidar com eles também (inclusive, se alguém divulgar uma receita mágica do tipo panaceia, por favor, duvidem).

Em termos mais humanos, talvez, a resposta se encontre no tempo em que dedicamos a nós mesmos. O quanto, ao longo desses anos, paramos para fortalecer o nosso diálogo interno. O quanto nos pegamos pelo braço, convidamos para uma conversa, definimos e buscamos as nossas reais importâncias. O quanto alimentamos a nossa coragem ao dizer chega para as inúmeras tarefas que nos colocamos para justamente fugir de nossos maiores problemas e nossas maiores preocupações.

Se você, assim como eu, é uma dos milhares de pessoas que só percebeu isso graças a uma pandemia, agradeça e comece hoje mesmo a dedicar um tempo para si, um olhar para dentro. Não se assuste com as aranhas e morcegos que irá encontrar, é normal quando o lugar fica desabitado por um bom tempo. Se este texto lhe ajudou de alguma forma, compartilhe com alguém, quem sabe ele não ajuda outras pessoas também?

No decorrer dos demais textos, pretendo demonstrar um pouco dessa minha caminhada em prol do autoconhecimento. Acompanhe e guarde para você as sugestões que lhe são úteis, é sempre bom ter uma caixinha de ferramenta diversificada para utilizar nas mais variadas situações que a vida nos apresenta.

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Notas de Rodapé

FONTES:

1- Definição da palavra: https://www.dicio.com.br/meditar/

2- Definição do conceito de meditação: https://namu.com.br/portal/o-que-e/meditacao-2/#:~:text=A%20palavra%20%E2%80%9Cmeditar%E2%80%9D%20surgiu%20da,%2Dse%20para%20o%20centro%E2%80%9D.

Apreciadores (2)
Comentários (2)
Postado 24/03/21 20:35

Maravilhosamente escrito e muitíssimo necessário, destaque especial pra: "um olhar para dentro. Não se assuste com as aranhas e morcegos que irá encontrar, é normal quando o lugar fica desabitado por um bom tempo."

Realmente é difícil enfrentarmos o que a gente deixou esquecido dentro da gente, né?

Enfim, sou levemente boiolinha pra tópicos de meditação e recentemente comecei a viajar em neuroplasticidade também. Se me permite, gostaria de te recomendar o livro A Ascenção de Prometeu, do Robert Anton Wilson; é uma exploração muito boa da psique humana, com muito foco pra esses dois tópicos (especialmente pra neuroplasticidade.)

Parabéns de novo e obrigado por compartilhar.

Postado 18/04/21 19:58

Boa noite, Sena! Agradeço pela sua leitura e retorno com relação ao texto. Lidar conosco é uma tarefa complexa, mais ainda quando colocamos o lixo para de baixo do tapete e ele resolve sair pelas orelhas...

Muito obrigada pela indicação do livro, livros com essa temática é sempre bem-vindo. Não conhecia, A sinopse parece apresentar uma miscelânea de temas, é no mínimo curioso, pretendo ler (mais uma vez obrigada) e um abração!

Postado 29/08/21 21:52

Eu também consegui me concentrar mais em mim mesma e principalmente em autoconhecimento com a pandemia, se é que existe alguma parte boa em milhões de mortes, ao menos, a pandemia foi uma reabilitação gratuita para mim, apesar das circunstâncias caóticas de pobreza e morte.

Amei sua obra, você escreve muito bem e as ideias estão bem aprofundadas e organizadas! Parabéns, apenas uma dica, a parte das fontes você pode colocar nas notas finais, para sua obra ficar limpinha (esteticamente falando).

Obrigada por compartilhar com a gente!

Postado 01/11/21 20:08

Olá!

A pandemia trouxe muitas coisas, e é a prova viva de que não existe algo totalmente ruim, se conseguirmos olhar para todos os ângulos, não é mesmo?

Fico contente de compartilhar da experiência de autoconhecimento em tempos de crise, fico muito feliz pela sua leitura e pelas dicas relacionadas ao texto, vou fazer os ajuste agora!

Um abraço <3