Era um lindo dia para Charlotte, mas um dia ela colocou seu terço no pescoço.
Viu que sua empregada ou "escrava'' como ela a chamava, não havia chegado. Decidiu descontar de seu salário, mesmo sendo o primeiro atraso em anos e sabendo que provavelmente, sua empregada, deveria estar no hospital, com sua filha doente.
Charlotte saiu de sua casa e andou pelas ruas, passou por um grupo de mendigos e os xingou sem nenhum pudor "pobres nojentos". Ela nem cogitou ajudá-los, importou-se com seus sentimentos ou pensou o do porquê haviam chegado em tal situação?
Se encontrou com uma amiga da igreja. As duas se diziam totalmente contra a hipocrisia e sem nenhum preconceito. Uma mulher considerada fora dos padrões da sociedade passou na frente delas. A mulher era linda, mas discriminada por estar acima do peso.[/center]
Não demorou muito para as amáveis e totalmente educadas chamarem a mulher de coisas ofensivas, como "botijão de gás", "gorda" e "obesa".[/center]
As duas se despediram, mal sabem que, quando, cada uma foi embora, já pensavam no mal uma da outra.
Charlotte chegou ao lado de dois lindos jovens de mãos dadas. Apenas isso bastou para atrair os olhares da nossa querida Charlie e de outras pessoas. "Viados", ela resmungou baixo enquanto outros pensavam.
Em seu caminho, entrou um cachorro de rua, procurando apenas carinho e um lar. Ela o chutou sem dó nem piedade. "Animal sarnento e asqueroso", se os animais nos escutam mesmo, estas palavras ficariam gravadas em seu psicológico.
Alguns minutos depois, ela finalmente chegou ao seu destino. A igreja. Ela sempre vai para rezar, pedir pela vida de seus parentes e se perguntar por que o mundo é tão mal, tão impuro e tão errado. Charlotte gostaria que o mundo fosse como ela, tão verdadeira, tão integra, tão bondosa.
Pobre Charlotte...