Cartas do Vovô Pedro (Em Andamento)
Holzwarth
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 30/05/21 17:10
Editado: 19/05/22 11:37
Qtd. de Capítulos: 7
Cap. Postado: 20/09/21 18:55
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 3min a 5min
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Palavras: 626
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Não recomendado para menores de dezoito anos
Cartas do Vovô Pedro
Capítulo 6 Barra do Piraí, 31 de julho de 2009

Barra do Piraí, 31 de julho de 2009

Querida Beatriz,

Gostaria de começar lhe contando a respeito do hotel fazenda de Pinheiral! Ah, mas que farra! Foi incrível, espetacular, um barato: nos divertimos à beça! Almoçamos comida caseira, a turma andou a cavalo (só tinha pangaré hahaha) e tomamos um café colonial muito bacana. Uma pena que o Gilson não pôde ir, ele estava mal do fígado e mal conseguia levar da cama — estava todo amarelo, coitado. Fiquei imaginando como seria nosso passeio nas férias, mas é uma pena que a Fátima não tenha deixado vocês saírem. Não entendo o porquê de ela querer tanta distância de mim, desde 2004, se eu não me engano, ela anda desse jeito, arredia e azeda, querendo me mandar pro quinto dos infernos quando me vê... Bem, ela pode mudar de idéia com o tempo, não pode?

Aliás, é estranho que Fátima diga isso, ela sempre foi aficionada pelas histórias do Clube e sempre me pedia para contar minhas peripécias pelo Santa Edwiges antes de dormir. Mas se é da sua vontade, então continuo! Ela não lerá minhas cartas de todo jeito, não é? Podemos manter esse segredo!

Quando era menino, também era muito de sonhar. Andei sonhando muito ultimamente também, e neles sempre visito o Santa Edwiges. Volto a ser garoto e saio correndo pelos corredores do orfanato, sem me preocupar com Madre Cláudia. Corro pelo gramado, jogo amarelinha, esses sonhos são sempre ██████. Tenho saudades desses tempos, mesmo que fossem tão ██████. Sabe, nem tudo era maravilhoso por lá, mas às vezes é melhor atermo-nos às lembranças boas para que elas possam nos iluminar nos tempos sombrios.

Fachada de pedregulho de rio, portas de madeira e um letreiro dourado no começo do caminho de terra, exatamente como me disse! Sim, o prédio era quadrado, com o telhado marrom e uma grande jaqueira do lado, com tronco tão grosso quanto uma torre de castelo. De tanto ler minhas cartas, você deve ter ficado com algo na cabeça para sonhar com o Santa Edwiges, mas não entendo como conhece a jaqueira. Nunca falei dela para você e, se não me engano, ela não aparece no retrato que mandei — ou aparece e estou ficando caduco?

Bem, como era a criança em frente à porta? Se tinha cabelos claros, talvez fosse José. Ele era o único galego no orfanato, de olhos verdes e pele bem branca. A maioria era como eu, mais preto do que branco, olhos e cabelos escuros. Seu sonho foi arrepiante, como uma aventura do Clube do Medo! Quando começou a me contar da chuva, juro por Deus que os menores pêlos da minha nuca se arrepiaram. “Grossa, quente, sufocante: era sangue que caía do céu, de nuvens carregadas e vermelhas”, acho que deveria rascunhar a cena, daria um ótimo desenho seu!

Infelizmente, não sei o que pode significar. Não sou muito bom com sonhos, já que todos os meus são praticamente os mesmos e sempre retomo memórias boas de minha infância. Se Cora ainda estivesse viva, poderia falar com ela a respeito. Ela sempre adorou o que se passava na cabeça das pessoas e talvez pudesse ajudar. Como nunca fui muito inteligente, nunca me arrisquei a tentar entender o que há na nossa mente quando dormimos. Desculpe não poder ajudar...

Ah! É uma pena que não tenha descoberto nada sobre o Camilo ainda. Acredito que o sobrenome dele seja o mesmo de Cora (dos Santos), mas o fato de ser tão comum dificulta nossa investigação. Bem, posso fazer minha parte e perguntar aos funcionários se eles conhecem o rapaz. Seria de grande ajuda se algum deles pudesse me responder, o que acha?

Abraços carinhosos,

Vovô Pedro.

P.S: veja o selo que mandei em sua carta! Sabe qual animal é esse?

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