Enviada: 29 de maio de 2000
Recebida: 12 de junho de 2000
Para minha doce Agnes,
Eu sinto sua falta.
Sempre que me lembro de nós, meu coração palpita novamente. Sabe, eu nunca acreditei nisso de palpitação, no entanto, quando nos conhecemos tive certeza que um coração realmente podia palpitar por outra pessoa.
A primeira vez que nos vimos, era a hora da saída. Desde aquele momento, fiquei vidrado por esses lindos fios ruivos e olhos azuis. No início, pensei que fosse só um pensamento passageiro. Mas, depois que vi que, em sua nova fase escolar, eu seria seu professor, o mundo dentro de mim colapsou. Um relacionamento entre aluna e professor parece até meio clichê, não é? Todavia, aqui não. Nossa história é única, completamente sem igual.
Estávamos na aula de reforço, só eu e você, quando não nos controlamos. Eu fechei a portas e as janelas, joguei todas coisas da mesa no chão e nós o fizemos, com intensidade, desejo e amor. Muitas vezes me perguntei como se sentiu ao perceber que encontrou o amor da sua vida e pôde vivê-lo e senti-lo nas aulas de reforços, todos os dias da semana, começando às duas da tarde e terminando às cinco.
Foram quase três semanas realizando essa ação. Já havia experimentado outras mulheres antes, mas você... É a única que não me dá chance de auto controle. Vê-la vestida e não gritando, é quase como uma tortura.
Me recordo das suas curvas, do seu cheiro, do seu toque, seu cabelo, o jeito como a prensava na parede enquanto segurava seus pulsos, a forma como eu a possuía e fazia ser minha apenas com o olhar, aquela saia e aquela camiseta que podiam ser facilmente tiradas, o modo como sua pele clara era marcada sem dificuldades... isso a destacou de todas. De tudo, eu lembro de tudo. Até parece loucura, ainda sim... devia pensar em você todos os dias da minha vida? Por favor, não me ache doido ou algo assim. Apenas a amo, é um amor do tamanho do infinito.
Linda, preciosa, inesquecível e que precisa ser protegida. É isso o que eu penso sobre você, minha querida aluna.
Porém, eu fui um desgraçado, não pude protegê-la direito. Eu realmente não entendo por que depois de três semanas de amor, chorou falando que não aguentava mais? Não me queria também? Não, não pode ser isso, vi como me olhava. Disse que me amava. Talvez eu tenha sido muito grosseiro quando te vi conversando com aquele garoto, eu sabia que alguma coisa não estava certa, aquele traste lhe beijou a força. Assim, eu fiz o que qualquer homem que ama e quer proteger sua mulher faria. O matei e não possuo arrependimentos. É aceitável que tenha se traumatizado ao ser tocada a força pelo desgraçado.
Entendo que devia estar assustada com um corpo sem membros depois que os levei até minha casa, contudo, mesmo após nossas rodadas de amor, precisava ligar para a polícia? Que crime eu cometi? Se amar demais é um crime, eu quero morrer agora. Entretanto, isso não vai acontecer, porque não é um crime.
Consequentemente, eu saio desse inferno que sua mãe me enviou, daqui a duas semanas. Apesar disso, não fique triste, sei que não teve a intenção. Estupro? Não, é amor. Eu nunca lhe forcei, seus pais que tiraram isso da cabeça deles, só pelo fato d’eu ter gravado nossa primeira aula e mostrá-la muitas vezes para você ver o quanto exalávamos o puro prazer e perfeição. Eu só queria mais, isso não é errado. Todos me culparam por motivo nenhum, eu gostaria de saber o que fariam ao saberem daquele beijo forçado? Que absurdo. Contudo, tudo bem, relembrar da sua existência me acalma como algo que nunca vi.
Minha ansiedade me faz sentir várias dores pelo corpo! No entanto, sem problemas, o que importa é que nos reencontraremos daqui a pouco e repetiremos nosso amor de novo. E sem a intromissão dos seus pais. Isso me deixa extremamente feliz.
Por favor, não fique triste. São apenas duas, o que são quatorze dias perto de oito anos? Rápido, não?
Acho que essa é a centésima carta que lhe envio, poderia dizer que esse é o tamanho do que sinto, mas não é. Eu amo você, Agnes. Um amor do tamanho do infinito que nunca conseguirei demonstrar totalmente. E tenho certeza que sente o mesmo, minha doce garota.
Apaixonadamente, seu doce professor.