O destino da rosa
Yvi
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 20/10/21 02:31
Editado: 20/10/21 02:32
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 8min a 11min
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Palavras: 1420
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Não recomendado para menores de dezoito anos

Esta obra participou do Evento Academia de Ouro 2021, indicada na categoria Erótico ou Adulto.
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Notas de Cabeçalho

AVISO: Texto totalmente pesado. Cheio de assusntos delicados. Leia por sua conta e risco.

Capítulo Único O destino da rosa

O doce perfume das rosas que plantamos no jardim durante a primavera estão, aos poucos, desaparecendo.

David estava ansioso. O relógio de parede arrastava-se lentamente, torturando-o. Ian estava demorando mãos do que o habitual e aquilo fazia sua mente borbulhar. Não conseguia fazer nada além de alternar sua visão entre o maldito relógio na parede e a porta do apartamento. Quando finalmente ouviu o barulho da porta se abrindo, o moreno arrumou sua postura e respirou fundo.

— Desculpe o atraso. O chefe me prendeu até agora.

Ian era alto, ruivo e possuía um corpo escultural. O terno lhe caia como luva. David permaneceu onde estava, enquanto o outro caminhava a passos felinos em sua direção.

— Não tem problema. — Respondeu rápido, retribuindo o beijo.

— Vou tomar banho, vem comigo? — Ostentava um sorriso malicioso nos lábios.

— Preciso terminar o jantar.

David correu para a cozinho o mais rápido que conseguiu, deixando um Ian confuso e incomodado com sua atitude, mas não a ponto de fazer algo sobre. O ruivo apenas rumou para o quarto, em silencio, saindo de lá apenas quando já estava apropriadamente vestido para o jantar.

O apartamento não era tão grande. Da porta do quarto era possível ver a cozinha. O ruivo caminhou, a passos lentos, até a mesa de quatro cadeiras que separava a sala de estar da cozinha. Seu olhar estava fixo em David. Podia sentir que seu namorado estava inquieto e incomodado com algo.

— Algum problema? — Não resistiu em perguntar.

— S-sabe... E-eu. Não, deixa para lá.

— Não vou deixar! Se algo lhe perturba, eu preciso saber. Me conta!

— Você sabe que eu gosto muito de você, certo? — David fez uma pausa, mas não para obter uma resposta do ruivo.

— Não estou gostando dessa conversa. Pare de enrolar e fale de uma vez.

— Eu realmente te amei, Ian, mas não posso mais viver dessa forma. — As lágrimas faziam com que seus olhos verdes ganhassem tons avermelhados.

— Está querendo dizer que não me ama mais?

Ian estava nervoso e impaciente. Não podia acreditar no que acabara de ouvir. Levantou da cadeira o mais rápido que seu corpo permitiu, seguindo na direção de David.

— Ian, você sabe que eu não posso viver assim. Não posso mais ser um prisioneiro. Eu preciso viver!

O moreno recuava à medida que Ian avançava. Temia a reação dele, mais do que temia a morte.

— Prisioneiro? Desde quando você é um prisioneiro? — Gritava.

— As janelas possuem grade. A porte tem uma senha que só você conhece. Sabe a quantos anos eu não vejo minha mãe? No início eu realmente não me importava, porque o seu amor me era suficiente, mas eu não consigo mais. Eu não posso viver assim. — Chorava descontroladamente.

— Você não pode me deixar! Não permitirei! Você me ama e eu te amo! Tudo isso é apenas uma fase, amor. Já vai passar.

Ian se aproximou cautelosamente. Estava cego pelo medo. Não conseguia acreditar que David realmente estava pensando em lhe deixar. Era muita loucura para um só dia. Viveram daquela forma por dez anos. Não conseguia entender os motivos para o outro agir daquela forma... A menos que...

— Você tem outro? — Perguntou do nada, apertando o braço de David.

— Como isso seria possível, Ian?

— É a única explicação! — Exclamou, convencido de que havia chegado ao x da questão. — Me diga quem é. Diga no que ele é melhor do que eu. Você está cego, David. Ele não pode te amar como eu te amo. As juras que ele te fez são falsas, meu amor.

— Juras? Amor? Ian, você está ficando louco. Não existe ninguém, eu-

— Se não existe, então por qual motivo está fazendo isso? É claro que existe, mas não vou deixar que ninguém tome o que é meu. — Não se preocupou em ouvir o que o outro tinha para dizer, muito menos deu espaço para que lhe impedisse de morder seu pescoço. — Agora todos vão saber que você já tem um dono, que pertence unicamente a mim.

As rosas perderam o precioso perfume.

Ian empurrou o copo frágil de David contra o chão, segurando firmemente seus pulsos, sem parar o que fazia no pescoço. O moreno gritava, esperneava e tentava se soltar, mas era inútil.

— Isso machuca! Pare, por favor. IAN!

David teve suas mãos amarradas pelo cinto que outrora envolvia a cintura daquele ruivo transtornado. Suas roupas foram rasgadas e seu corpo foi dolorosamente marcado. Ian usava uma força descomunal para arranhar e morder diferentes partes do corpo do moreno.

Ian empurrou o frágil corpo de David contra o chão enquanto segurava firmemente seus pulsos, sem parar o que fazia no pescoço. O moreno gritava, esperneava e tentava de todas as maneiras possíveis se soltar, mas era inútil. David não percebeu quando foi bruscamente virado, ficando com seu rosto machucado colado ao chão, mas sentiu quando sua entrada foi bruscamente violada. Suas lágrimas misturavam-se com sangue.

— Sente isso? Chama-se amor. Um amor que o outro nunca poderá te dar.

Ian investia contra o corpo de David com cada vez mais violência, sem ao menos se importar com o bem-estar do outro. David não tinha mais forçar para lutar. Não gemia, não chorava, apenas estava paralisado, esperando que tudo terminasse.

Ian, por outro lado, tinha forças de sobra. Mordia as costas do moreno até que sentisse o gosto ferroso em sua boca, distribuía fortes tapas por toda parte. O ruivo não parou até que a última gota de seu prazer preenchesse o interior de David.

Satisfeito, largou o corpo desmaiado de seu precioso amado e foi direto para o banheiro, queria estar impecavelmente bem para quando David despertasse de seu tranquilo sono.

As rosas brancas agora são vermelhas. Não sei mais o que fazer.

David sentia-se sujo. Todo seu corpo estava dolorido e as marcas que o ruivo fez questão de deixar em seu corpo estavam com uma coloração arroxeada, algumas delas ainda sangravam. Tinha medo, estava apavorado. Ian sempre foi explosivo, mas aquilo não tinha sido um problema. Quando aceitou namorar o ruivo, sabia dos riscos, mas achou que seu amor poderia superar e curar tudo. Sua vida em confinamento não era tão ruim no início e Ian nunca o havia tratado com indiferença, embora fosse rude e ignorante algumas vezes.

Tudo que começa, precisa de um fim. David não achava mais que viver eternamente com Ian seria o seu. Aproveitou que o ruivo ainda estava no quarto e pegou as chaves que estavam caídas no chão. Precisava ser rápido. Mesmo sentindo muita dor e tendo dificuldades para andar, o moreno se cobriu com o pano que ficava em cima do sofá e correu para a porta.

Não conseguiu ser rápido o suficiente. Antes que pudesse girar a maçaneta, Ian agarrou seu pulso com força, machucando ainda mais. Os orbes azuis estavam turvos e sem vida. Se antes David tinha medo, agora ele estava em pânico.

As rosas manchadas estão perdendo suas pétalas.

— Sabe, David, eu estive pensando e decidi que vou te libertar. — Podia sentir o tom de ironia na voz do ruivo. — Antes, vamos jogar. Se você ganhar, estará livre para sempre.

— Que tipo de jogo?

— Que bom que perguntou. O que acha de polícia e ladrão?

Ian soltou o braço de David e caminhou calmamente até a cozinha, voltando de lá com duas facas peixeiras. Estendeu uma delas na direção de David.

— A regra é a seguinte, amor: Vou te dar um tempo para se esconder e depois vou te procurar. Quando eu te achar, vou te matar. Como você é um ladrão traidor, pode me matar antes que eu te mate. Muito justo, não?

David não teve tempo para pensar. Quando se deu por si, já estava escondido no banheiro, tentando não fazer nenhum barulho.

— David... Cadê você? Quando eu te achar, tudo irá acabar.

Não demorou muito para que o ruivo soubesse onde seu amado havia se escondido e demorou menos ainda para que ele arrombasse a porta do banheiro.

A luta pela sobrevivência foi intensa. Mesmo David estando debilitado, sua vontade de viver o mantinha ativo. Ian estava descontrolado, perfurava o outro loucamente, como se quisesse torturá-lo ainda mais. O moreno conseguiu esquivar de um dos golpes, fazendo Ian escorregar em meio ao sangue.

Era a oportunidade perfeita para David. O menor não pensou duas vezes antes de juntar suas forças e cravar a faca no peito de Ian, porém, seu ato não foi totalmente bem-sucedido. Antes que percebesse, algo lhe furava a garganta.

As rosas, que plantamos com tanto carinho, desapareceram...

Agora elas não passam de meras lembranças, assim como nós.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Achei perdido por aqui. Calma, ainda não é o texto para o AD mais terrível que o Diab já criou.

Apreciadores (1)
Comentários (1)
Postado 26/10/21 21:18

Esse texto foi brutal... Caramba, esse final me deixou angustiada. Toda essa situação me lembrou muito Killing Stalking. São temas pesados, mas que precisam ser ditos.

Obrigada por compartilhar conosco.

Parabéns, Flavinha ♥

Postado 26/10/21 22:38

Achei o texto perdido no meu HD... Fiz umas mudanças. Eu era muito da Academia Doentia... Só a Deusa na causa!

Muito obrigada, Brinis! <3