Com chutes no ar, uma jovem atleta se aquecia. Um silvo longo alertava Sara.

Estava na hora da grande partida começar.

O cansaço das quinze horas de viagem foi praticamente esquecido ao se juntar com as outras jogadoras.

Seu coração ganhara uma grande euforia ao palpitar aceleradamente: — Bom dia. — o treinador saudava-as.

— Meu nome é Luís, mas para vocês eu sou o porteiro do nosso clube — o homem contava. —, faremos um coletivo, agora.

Luís começou a distribuir os coletes, de forma aleatória, enquanto explicava: — Ao fim do dia, três serão selecionadas.

Ao ouvir o treinador, algumas meninas pareciam reflexivas, outras arregalaram os olhos e algumas, ficaram quietas.

— Só três? — os pensamentos de Sara escaparam em palavras e a loira, tampou a boca com as mãos, rapidamente.

Uma menina em particular riu, quando as outras ocupavam suas posições: — Eu pensei a mesma coisa. — a risonha, conversava.

— Vai jogar de cabelo solto?

— Vou. — Sara respondeu passando a mão esquerda, em seu grande cabelo liso, sem nenhuma preocupação.

— Alguém pode te machucar, péssima idéia.

A menina risonha, oferecia uma chiquinha de cor verde, para que a nova amiga, prendesse o cabelo.

Sara aceitou e em seguida, ajeitou o penteado, agradecendo: — Obrigada, qual o seu nome?

— Bia — a risonha respondia. —, só espero que não seja lateral.

— Sou a Sara e jogo no meio, que bom que estamos no mesm...

Outro apito interrompeu Sara e Luís gritou: — Vamos logo!

O apito inicial da partida foi dado, Bia e Sara jogavam no time de branco, contra os das garotas de azul.

Clássicos uniformes de testes, o primeiro toque de Sara na bola foi um drible.

A menina fez a bola passar entre as pernas de uma adversária de uma maneira tão natural, quanto ela respirava.

Ao ver mais uma adversária em sua frente, usou e abusou de seu melhor recuso: O passe.

Com a perna direita, Sara lançou, para o espaço vazio rente à linha lateral.

Bia mostrou as suas colegas de equipe e as adversárias, sua monstruosa velocidade, para alcançar a bola.

Ao ver a mais nova amiga pegar a bola, Sara deu um sorriso ofegante e desabafou: — Isso.

A lateral devia ser a garota mais rápida daquele teste, se não fosse por Catarina e sua gigantesca explosão muscular.

O choque das duas foi iminente.

Catarina levantou quase que imediatamente e voltou-se para trás, conferindo se Bia ainda estava caída.

Não só caída estava, mas as duas mãos na perna indicavam dor.

— Anda Bia, levanta, vamos. Você já levou pancadas piores.

Bia tentava se animar e quando ficou de joelhos, vislumbrou Catarina entre outras jogadoras adversárias, sorrindo.

A sensação de que a pancada foi para machucar, pareceu influenciar ainda mais sua dor.

Sua melhor perna, à esquerda, fraquejava ainda mais.

Lágrimas começavam a escorrer pela face de Beatriz, mas quando ela cederia ao chão, sentiu uma mão ajudá-la.

Era Sara que pôs a recente amiga, de pé.

— Eu sei que tudo isso, é uma competição. — Bia ouvia atentamente.

— Mas eu vi o que ela fez. É melhor, termos cuidado. — as duas voltaram para o jogo e para o foco de seu teste.

Por mais que nenhuma daquelas meninas fosse profissional, todas mostravam grandes valores.

Em mais uma bola lançada por Sara, Bia tentava avançar como elemento surpresa, mas iria disputar corrida contra Catarina.

Sozinha eu não consigo, então...

Os pensamentos de Bia foram interrompidos, para que ela antes da chegada de Catarina devolvesse a bola para a amiga.

Catarina, ao ver Sara se aproximar para pegar a bola, tentou corrigir o corpo, mas caiu sentada com as duas pernas abertas.

— Agora Bia!

Sara gritava vendo outra zagueira se aproximar e por isso teve que armar um chute, para que ela tentasse dar o bote.

Sara tinha a adversária na sua mão e depois de fingir um chute com a direita, usou o pé esquerdo para deixar Bia na cara do gol.

Beatriz por sua vez era muito rápida, mas a goleira armou uma base para defesas, foi então que a canhota improvisou.

O chute foi fraquinho, com o pé direito, enquanto Bia caia.

A bola correu de mansinho para o fundo do gol, enquanto sua autora era abraçada por Sara e outras colegas.

Mesmo com o placar inaugurado, a partida se manteve em equilíbrio, até o gol de Catarina, depois de um escanteio.

A jogadora mandou irônicos beijos, para a goleira e comemorou em seguida o apito final decretou o fim do treino coletivo.

— Muito bem senhoritas — Luís chamava. —, como eu disse antes de começar o treino, iria escolher apenas três de vocês.

Desta vez, as meninas estavam não só exaustas, mas apreensivas.

— As minhas eleitas são: Catarina Coimbra, Beatriz De Paula e por fim, Sara De Guimarães. — ele anunciava-as.

Aquelas duas jogadoras que tinham se conhecido, abraçavam-se ao saber que avançaram: — Obrigada por tudo Bia.

Sara agradecia devolvendo a chiquinha que lhe foi emprestada.

— Vou querer de volta, mas só quando nós duas estivermos no mesmo clube. É uma promessa.

Ao ouvir a amiga, Sara fechou a mão riu e disse: — Até lá, vou guardar isso.

— Por favor, um pouco de atenção — Luís pedia. —, parabéns por terem passado, mas isso só foi parte do processo.

— Daqui a dois dias, serão testadas de novo.

— Onde será o teste? — Catarina perguntou pegando sua garrafa de água que estava perto do banco de reservas.

Luís riu e respondeu reveladoramente: — Com as profissionais, daqui a dois dias. Estejam preparadas.