Eu penso nele todo dia, sabe. Quer dizer, tudo em volta lembra ele.
Sabe aquela mania que ele tinha de elogiar o cabelo da vizinha todo dia? Eu lembro que, depois de um tempo, ela até começou a trocar o corte com mais frequência, era quase como uma brincadeira deles dois.
E quando ele chegava na faculdade cantando a plenos pulmões, você lembra? Todo mundo ria daquela dança que ele fazia. Ou quando ele fazia piadinhas no meio das nossas apresentações de seminário quando percebia que nós estávamos nervosos, eu particularmente amava isso nele.
Sabe, eu tive esperança no início. Eu realmente achei que as coisas iam dar certo, que tudo ia melhorar. Até tentei mandar mensagem depois que ele se mudou do dormitório e saiu do nosso grupo no Whatzapp. Eu tentei.
Esses dias vi ele num café. Senti vontade de entrar e comprimentar, mas achei melhor não, eu já estava atrasado para a nossa prmiera aula da manhã.
Quando tudo aconteceu, acho que eu me desesperei demais. Lembra que ele desapareceu por uns dias? Eu não consegui parar de enviar mensagens.
Pois é, você deve me achar meio ridículo por isso, né? Eu sou um adulto, eu devia ser mais racional. Mas, bem, ele era meu melhor amigo, você conhece nossa história.
Vinte e oito mensagens. Foi o que eu tive que mandar antes de perceber que ele não ia mais responder. Antes de perceber que ele não ia mais voltar.