O brilho de uma estrela permanece vivo e quente mesmo que estejamos longe ao ponto de nem em milhões de vidas sermos capazes de a alcançar. São as lembranças, que permanecem vivas em nossos corações, as salvadoras desse elo tão improvável. E essas agulhas raspam a borda de meus olhos, raspando a pele e fazendo-me sangrar. O drama não me abandona, para compensar as almas que desapareceram, como poeira sob o vento.
Sou um maratonista, sem linha de chegada, apenas preciso correr. Manter-me na pista, sob chuva ou sol, doente ou disposto, apenas resistir enquanto respiro. Uma hora o colapso me derruba, e nada me alcança. Porquês são como suturar o ferimento de um membro já amputado. Não sua, mas minha verdade, a que me aprisiona e me faz, admito, ser quem sou. Um corredor.
A lua que engole esta imensidão acima de minha cabeça, leio nas descrições dos jornais, tornou-se rubra muitos anos atrás, fazendo tons quentes sufocarem as cidades. Sendo que a lente de meus óculos sempre foram azuis. Acostumei-me a enxergar tudo nesse tom. O habito fez-se mais intenso que qualquer suposta razão.