O novo Super-Homem - relato de um idealista
Irvin Philos
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 15/09/22 08:30
Gênero(s): Reflexivo
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 3min a 4min
Apreciadores: 2
Comentários: 2
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Palavras: 482
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Capítulo Único O novo Super-Homem - relato de um idealista

Schopenhauer propôs a superação do desejo como meio para a conquista do equilíbrio, por outro lado, Nietzsche explora e sugere a potencialização da vontade como expressão pura da vida, posições opostas, mas que tendem à um único fim: a supressão de um controle opressor. Para Schopenhauer, os ímpetos, para Nietzsche, a moral, sobretudo cristã.

O Super-Homem de Nietzsche nasce do conflito, de um choque brutal entre pressão e vontade de potência, aquele que dá vida aos próprios valores, que transpõe o intrépido “Não-Farás”, em sua forma pura e de maior periculosidade, o que em face dos olhos ardentes da morte encara a vida e brada veementemente das profundezas do âmago: “Foi isso? Muito bem! Mais uma vez!”, este é, por excelência, o verdadeiro Übermensch.

Tal como o equilíbrio pleno schopenhaueriano, o Homem-Superior exige um esforço transcendente, que supere as mais sólidas barreiras, os mais profundos abismos e as mais altas montanhas, visando se libertar das duras e pesadas correntes metafísicas, e transformar-se em leão, aquele que é potente na reivindicação do direito de criar. A fera, por sua vez, um dia virá a ser uma criança, arquiteta e soberana das “Novas Tábuas”.

Contudo, cada dia mais, com as forças de um impulso indômito, as garras de um idealismo arrastam-me terrivelmente, o peso do sofrimento animal corrompe as esperanças de um antigo imperador, rumo à um poço profundíssimo e fatal, com paredes lisíssimas, de onde, nem com toda a sorte de bens materiais ou sob energias divinas, escapa-se ileso. Na ocasião, a fé repousa em um futuro fúlgido, cientificista, que dê lugar à singularíssima união entre homem e máquina, onde as contínuas investigações a respeito da natureza dos sentidos permitiriam fundir o desfrute da contemplação de um universo caótico, a admiração da chama da existência, o gozo da sabedoria e o equilíbrio interior, com uma robustez e tenacidade metálicas, próprias de maquinários engenhosos, mecânicos e manipuláveis, onde pode-se extinguir com facilidade qualquer inexatidão, qualquer desvio. Eis o novo Super-Homem.

Aqui, nesta condição, quase, senão completamente, patológica (de acordo com alguns), a inexatidão danosa habita, precisamente, no cataclisma humano: em sua miséria, em seu desgosto, na aflição e no desespero, em suas necessidades e no seu desejo irrefreável, em suma, no absurdo da realidade. E depois de mergulhado nesse antro malévolo, somente agarrando-se à métodos insólitos torna-se possível alcançar um estado de razoável homeostase, de satisfatória ataraxia, pois coíbem artificialmente a sordidez da existência, ainda que seja necessário abandonar nossas tão estimadas raízes.

Tais concepções nos trazem de volta à principal implicação desse raciocínio: o idealismo, que possivelmente levaria Nietzsche e outros amantes do destino a argumentar: o que seria da vida, do prazer e da beleza, sem o espinho venenoso que contamina, e que sob derrota floresce alegremente os maiores encantos? Daí um paradoxo: um mar de rosas jamais poderá ser concebido em sua graça sem a antípoda de um mar de sangue.

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Comentários (2)
Postado 13/10/22 07:28

Meu Deus, eu não estava esperando encontrar isso aqui.

Schopenhauer é a pessoa que eu mais admiro, em se falando de gente antiga e inteligente.

Algo em Nietzsche me fascina ao mesmo tempo em que me afasta. Mas adoro mesmo assim.

Agora Schopenhauer é o meu amorzinho. (Sem querer fazer uma propaganda, mas, tenho um texto que o título é exatamente o nome dele, se você se interessar em ver hahaha)

Fiquei muito feliz de ler seu texto, parabéns!!

Postado 19/10/22 18:35

Um texto com aprendizado, nem tudo é 100% bom ou ruim, é isso que mantém o equilibrio da sanidade. O cinza é a cor do todo. Maravilhoso