Estávamos bebendo. Uma lata, duas, três… Depois da sétima já tinha colocado ela sentada no meu colo. Hora eu bebia, hora eu fazia ela beber da mesma lata e hora compartilhávamos do que estávamos bebendo um com o outro, num beijo alcoolizado e desajeitado pelo nível de embriaguez.
Não lembro direito o que falamos um com o outro, mas acho que teve algo a ver com o quão divertido era beber com amigos. Terminamos tocando um ao outro, prometendo manter segredo. E no fim prometemos não beber sozinhos, em casa. Promessa que de vez em quando quebramos.
Queria reproduzir algumas das frases, mas a parte ruim da embriaguez é não lembrar do que acontece. Recordo apenas de fragmentos, como “Suas pernas são tão macias. Quero apertar mesmo que isso acabe me matando”, isso com meus dedos quase chegando no útero dela.
Claro, seu corpo em cima de mim enquanto seus olhos brilhantes e rosto corado me encaram são uma figura cuja nitidez não some. Mas, fora esse e outros detalhes, tudo some.
Dai vem o dia seguinte, onde acordamos com uma puta dor de cabeça, falando um para o outro que não deveríamos ter feito aquilo. Mas, como eu disse, promessa que quebramos. Não demora muito pro tédio bater e fazermos o convite, as vezes eu, as vezes ela, pra beber. Deixando claro de que não beberíamos ao ponto de acabar se pegando.
E tudo se repete.