Escritos Desnudados
Eros
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 27/04/23 01:48
Gênero(s): LGBT
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
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Palavras: 381
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Capítulo Único Escritos Desnudados

1. Seu gênero. Me fale sobre seu gênero.

Não consegui. Recuei. Mas acabei voltando tanto que esbarrei comigo, mas como poderia desviar se era um eu encolhido num canto com pouca luminosidade e nenhum indicativo de vida? E jogado no chão junto a ele o olhei, apesar dos sentimentos que emergiram nada poderia sequer chegar perto do que foi o impacto do seu olhar. Oco. Desejoso de algo pra devorar, implorando pra ser visto. Implorando pra nao ser mais um nada.

Pensar no meu gênero é lembrar de 17 anos da minha vida que passei nao como uma folha em branco, mas como uma folha escrita cujo leitor agora crescido nao sabia reconhecer aquela linguagem. Aquela linguagem de criança ingênua que por saber que algo estava errado a solução óbvia era morrer porque assim renasceria com os reparos necessários. Mas essa criança ingênua conheceu a morte cedo demais pra saber que nao era tao simples assim. E sem saber como se consertar a criança colocou esse emaranhado para ser desenrolado depois. Mas a criança era pequenina demais e a medida que foi crescendo foi deixando de enxergar aquele embrulho confuso na parte mais baixa da estante junto a outras confusões.

2. Menino que tinha medo de ser menino. Que tinha medo de pintar o cabelo. Cabelo que crescia sem querer crescer. Menino que crescia sem saber o que fazer. Menino que tinha medo de nao ser menino. Menino que tinha medo de ser. Menino que tinha medo de ser por não saber quem era. Menino medroso que sabia o que era e nao foi. Menino que queria tanto sem saber. Menino que nao queria nada por achar que sabia. Menino perdido. Bobo menino que no fim nao era nada.

3. Entre quatro paredes, a angústia. No mundo lá fora um sorriso engessado, atuando uma felicidade que nao lhe pertencia na tentativa vã de nao ser descartado, embora sua existência estivesse marcada com um ' descartável ' enorme em sua testa.

Na tentativa de não se esquecer do porquê sorria usava roupas em tons escuros, preto, cinza, verde e azul escuro. Nada além, dificilmente arriscava alguma cor, algum destaque. Inicialmente nao gostava, mas as sombras eram o único meio de sobrevivência ' pacífica ' nesse mundo de agressões, acabou por se acostumar.

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