Minha mulher, minha fantasia
Tháiza Lima
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 22/04/16 20:08
Editado: 05/09/16 14:52
Gênero(s): Drama Romântico
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 3min a 4min
Apreciadores: 8
Comentários: 2
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Usuários que Visualizaram: 13
Palavras: 520
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Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Penso que o texto será muito mais romântico se ninguém souber quem o escreveu ou para quem escreveu... o que é basicamente uma desculpa para eu fingir que não estou falando de mim mesma, shausu. Sei lá, eu gostaria de receber um texto assim de alguém .-. Contudo, enquanto esse dia não chega, vou incorporar meu alter ego e dar um pouco de valor a quem não tem orgulho próprio.

Boa leitura :3

Capítulo Único Minha mulher, minha fantasia

Ela era a calma da neve enquanto não vinha a tempestade. Ela era a garoa antes da chuva forte. Ela era o Sol amanhecendo enquanto a terra ainda não estava aquecida. Ela era um rio correndo, um lago parado, uma nascente que abastecia toda a hidrovia.

Ela tinha essa pose calma, sabe, como se nada no mundo pudesse pegá-la de surpresa. Era uma expressão tão bela, que nem parecia que ela acabara de sair do fundamental para se aventurar no andar superior, no andar onde ela não mais seria o exemplo dos mais novos, porém fruto de desejo dos mais velhos.

Na escola todos sabiam seu nome, embora ela não soubesse o nome da maior parte. De algum modo era estonteante seu jeito de andar, o modo como ela abraçava seu livro como se ela estivesse abraçando sua vida, seu coração. O que eu não duvido, a leitura era seu combustível para aguentar - tantas infelicidades em - sua turma.

Não tenho a menor incerteza do que ela pensava a respeito da pior turma de primeiro ano. Muito embora os alunos que estavam no segundo deixaram sua marca de terror enquanto estiveram sentados nas carteiras dos primeiranistas, os atuais calouros eram piores. Desinteressados, à-toa, dando um jeitinho de passar no início do ano e depois se desesperando à medida que o fim estava próximo e com ele a recuperação - ou pior, reprovação.

Ela se mantinha na média, nem tão boa nem tão mal, nem se destacando nem passando despercebida. Ela tinha uma mágica, algo intenso e algo distinto. Adjetivos não servem para descreve-la, sua preciosidade não pode ser encontrada em outro lugar senão nos corredores pavimentados e sem graça.

Quando se animava dava para ver o brilho em seu olhar, quando se entristecia os olhos estavam à mercê do mar agitado, quando sorria era uma felicidade desajeitada e que não sabia se devia mostrar o aparelho metálico ou simplesmente repuxar os lábios.

Ela todo dia tomava café. Vivia com sono de noites mal dormidas. Odiava a maior parte do corpo estudantil e amava a maior parte do corpo docente. Tinha tantos defeitos quanto perfeições, ainda que ela nunca se descreveria como alguém "aceitável ou dentro dos padrões".

Para mim, ela era uma fada. Na visão dela, ela era razoável.

Nem tão bonita nem tão feia, nem magra nem gorda, nem alegre nem triste, nem estudiosa nem relaxada. Ela era um meio termo. Ela era uma maravilha de garota. Isso, é claro, somente na minha visão e na dos poucos amigos que tinha.

Ela tenta fazer amizades, no entanto quase nunca consegue mante-las. Ama português correto, mesmo que algumas gírias escapem de seus lábios. Ela tem lábios bonitos, do tipo que se resseca muito rápido e por isso se desenvolve o hábito de passar a língua para umedece-los. Eu nunca quis que ela notasse o quanto eu adoro quando ela faz isso.

Ela era o vento antes do furacão. Ela era a semente antes do carvalho. Ela era a batida de asas da borboleta antes que um terremoto alcançasse a China.

Ela era, nada mais nada menos, que a mulher das minhas fantasias.

❖❖❖
Notas de Rodapé

<3

Apreciadores (8)
Comentários (2)
Postado 22/04/16 21:04

Nossa! O que foi esse texto magnífico que eu acabei de ler? Sério, você escreve incriveilmente bem. A cada novo texto postado eu fico ainda mais encantada. Meus parabéns!

Postado 23/04/16 00:04 Editado 23/04/16 00:08

Isso foi eu usando um pseudônimo para falar da menina que o pseudônimo vê, mas que ela não quer aceitar -qq

Mas que isso o///o eu só tenho palavras de agradecimento, de verdade, você não sabe o quanto eu fico feliz (e sem graça, skapsk), muito, muito obrigada mesmo, me alegra saber que gosta dos textos <33

Postado 29/06/16 21:26

SATÃ! Que mulher no mundo não adoraria receber uma mensagem dessas, onde ao término da leitura haveria somente a certeza de que ela era notada, admirada e, quiçá, amada? Duvido que haja muitas que não esboçariam um largo sorriso e emitiriam um cálido suspirar enquanto os olhos brilhassem e/ou marejassem de emoção...

É um conto que encantaria/encantará aos leitores mais românticos, sem dúvida! Afinal, a primazia descritiva e narrativa cheia de alusões mais que acertadas é de uma sensibilidade admirável. Quanto à mim... Estou rindo feito um demente por ter (infelizmente; perdoe-me...) imaginado uma versão mais... Diablairica desta obra.

Que, ouso dizer, nem chega a ser novidade vindo de um monstro depravado e doentio como eu...

Uma vez mais, meus parabéns!

Atenciosamente,

Um ser que passou desapercebido na/pela Vida (exceto aos olhos de Satã), Diablair.

Postado 11/07/16 23:59

A parte mais trágica é que ainda estou na espera de ler um texto assim que não tenha sido escrito por mim mesma, mas esse detalhe não importa no momento. Tenho certeza que apenas o fato do texto ser inspirado naquele que o leu é de causar marejar até nos olhos mais ressecados por uma vida de desilusão.

Agradeço em imenso por suas palavras, caro Diab, e estou curiosa a respeito de como você conseguiu imaginar uma versão mais... Diablairica desse texto (até hoje, enxergo o texto apenas pelas lentes românticas). E tire o "depravado e doentio" daí, deixar pessoas sem palavras nos comentários pode não ser lá muito legal, mas também não é para tanto -qq (se bem que, se não fosse assim, não seria você ^^')

Obrigada novamente o/