O caderno se esvai rápido,
Só quarenta e duas folhas sobram agora.
Ainda me dão boas tentativas,
Mas se algo aprendo nessas folhas desgastadas
É que nenhuma mancha de café é em vão,
Todas permanecerão!
Apesar... apesar das falhas,
Dos erros de gramática,
Das vírgulas ausentes,
Dos vocábulos criados,
Dos acentos tomados
Perdão. Digo, assentos,
Quem iria escrever em pé?
Mas, enfim... de volta ao assunto.
Após tantos escritos,
Sinto um prazer imensurável
Em cada mais um, em cada folha de papel,
Sob marcas de café,
Nenhuma marcada pelo tempo até então,
No entanto, muitas amassadas,
Por quem não as aceita, por algum desgosto
De, talvez, as tê-las feito,
Mas bem ao fundo, sinto que por pior que tenham sido,
Fora um início e nada tira de mim
O mérito dessas desengonçadas poesias
Se tornarem poemas enaltecedores
Que em seu íntimo papel,
Derramam lágrimas de outrem,
Não por tristeza, espero;
Não por mágoas, mas por encontrar em algo,
Um sentimento equiparado ao que deveras sente,
Pois ao papel nenhuma alma humana mente.
Por isso escrevo, talvez nas próximas páginas,
Encontrar um sentimento do qual eu possa me apropriar
E chamar de meu,
Tal qual fariam dois enamorados.
E não por menos, enamorar-se
Por sentimentos é deveras radiante,
Querer estar apaixonado e aceitar a si mesmo,
É o primeiro passo para uma longa caminhada,
Onde talvez, num relance de olhos,
Melancólicos da jornada ou não,
Venhas a encontrar um sentimento melhor,
Do papel à realidade,
Retirar aquela vontade e impor a existência,
Todo amor é fruto, primeiramente, da convivência.