Estive com uma música na cabeça esses dias. Uma não, várias. Essa é apenas uma entre várias. Tive a oportunidade de conversar com a banda, mas não consegui fazê-lo, acredito que por fatores internos fora do meu controle — da próxima vez que sair de casa, vou prestar bem atenção em como eu falo com as pessoas pra não ser esquisito. Depois, tem aquela do Cuidador: o álbum da paciência. Comecei a querer ler Sebald por causa dele. Parece interessante, mas estou no meio de uma conversa™ intensa™ com Musil, após descobrir aquele jovem e seus degraus inexplicáveis. Eles — os degraus — moram na minha mente. Como podem degraus serem inexplicáveis? Como podem existir? Realmente, eles são inexplicáveis. De fato, eles existem. Em meu prédio (imagine o meu com aspas, só que são tão fracas que nem aparecem...), aquele lá, havia degraus inexplicáveis, da década de 50. E lá no século do jovem que muito pensa, deveriam ser ainda mais comuns. Sou fascinado pela ideia de haver um degrau no meio de uma sala. Ali, existindo. Simplesmente. Um degrau. Incrível.
A música: às vezes é aquela sobre a alma, às vezes é a outra sobre o homem morto. Pode variar. Voltei a escrever com elas em mente — na maioria das vezes —, e é uma pena que não posso usar as letras da tal da flor. Não conversamos mais. Há um degrau inexplicável entre nós. Todavia, ele não deixa de ser acessível e simpático. Nós só não conseguimos mais conversar, ainda que nunca o tenhamos feito. Por mim, tudo bem, é questão de crescer por dentro e por fora. Ele ainda tem muita fúria dentro de si. Eu já estou mais calmo. Sei que somos fundamentalmente diferentes, como lebres e coelhos são; somos animais diferentes, embora parecidos e confundidos entre si pelas pessoas que os observam. Prefiro ser coelho, e ele já disse que é lebre, então estamos tranquilos, cada um na sua, não precisamos conversar para decidir isso — a vida já o fez.
E sobre os textos, voltaram com força total? Mais ou menos. Não esperem nada. É de onde a gente menos espera que não vem nada mesmo.